segunda-feira, 21 de março de 2016
Pássaro
Braços abertos
Asas
Albatroz
Sou pássaro em voo
E vou
Nas entrelinhas do tempo
A te buscar..
E o vento nos beirais
E a chuva, rios nas calhas,
Cantam uma canção de saudade
Pássaro
Que voa nas entrelinhas do tempo
O pensamento
Máquina do tempo
Nossa história
Um conto, um canto de saudade,
Que não leva
O vento nos beirais
A chuva,
Rios nas calhas...
Meu pensamento
Albatroz
E vou
Nas entrelinhas do tempo a te buscar.
Fabiano Brito
Pó
Tua carne
Apenas a agonia
Da morte
As dores da vida
Teu corpo
Apenas pó
Carne, ossos, vísceras
A lousa
Cravos brancos
Teu corpo sepultado
Na terra
És pó e ao pó voltarás
Uma pedra atirada no espelho das águas
Semi-círculos
A vida dá voltas
Antes a carne farta
Os olhos em luz
A boca carmim
O desejo de tantos
Agora... pó
Apenas minusculas partículas
Que leva o vento
E que um dia
Será total esquecimento.
Fabiano Brito
Era o diabo
Tentava
Um anjo
Chamava para o voo
Se dava...
Dizia:
"Sou tua"
Aos outros dava
Deitava, fingia
"Tua"
Se dava
Era o diabo, o corpo de anjo
O hálito de álcool
O cigarro
Chamava, tentava
Eva
E eu ganhava o paraíso,
"Tua"
Aos outros dava
Partiu um dia
Para nunca mais
No espelho com batom vermelho
"Sempre tua"
Partiu
Deus por castigo
Fechou as portas do paraíso.
Fabiano Brito
Lá agora onde te esconde a distancia
O meu amor te guarda
Para sempre...
O meu amor
Te guarda
Como o infinito guarda ao mar
Como o céu guarda aos astros
Sempre
Amor...
Que o amor é um rio
Atravessa desertos
Esquece até
Que o outro,
A muito partiu
Lá agora
Onde te esconde a distancia
O meu amor te guarda
Que o amor é loucura
Não há razão
Mesmo quando o olho não vê
Ainda quando se abraça o vazio
Há o sonho que nos leva
Onde te esconde a distancia...
Fabiano Brito
Carrego em mim toda sujeira do mundo
A tapa na face, o grito, o ódio
O estampido da arma
O olho que ambiciona
O sangue que corre na sarjeta
As manchetes nos jornais
Minha carne o papel onde se escreve
Os pecados do mundo...
Carrego em mim o peso da cruz
O desamor, a vaidade, o orgulho
Nego o teu nome, nego o teu nome, nego o teu nome
Três vezes, nego o teu nome
Bicho escroto
Que crava o cravo em tuas mãos
A ponta da lança, o vinagre na tua boca
O sem Deus, o sem alma
Carrego em mim
A lama, a chama negra, as sombras
Humano
Um bicho humano
Que guarda em si
Toda sujeira do mundo.
Fabiano Brito
E continuas teus passos ao longe
Cada vez mais longe de mim
Segues o teu itinerário
Como uma ave em arribação
Voas, voas...
Na retina dos meus olhos teus passos
Teu rastro na areia
Que vão seguindo como segue a vida
Talvez seja a vida um jogo de dados
Que se lança sobre a mesa
E o destino escolhe o lado...
E se ganha ou se perde
Nos perdemos
Nunca mais tua mão na minha
Nunca mais teus olhos nos meus
Nunca mais...
Continuas teus passos ao longe
Ave em arribação
Voas, voas,
Cada vez mais
Para o longe de mim.
Fabiano Brito
Outona-se o ano
Caem as ultimas folhas das horas
Em breve a primavera de um novo tempo
Um novo caminho a ser trilhado.
É a historia que se soma
No livro de nossas vidas.
Como as arvores outonais
Perca e deixe no tempo que se vai
Todas as suas folhas mortas
Que novos brotos surgiram nos galhos da arvore do novo ano
Folhas verdes esperança, cachos de flores-das-conquistas
Olha a tua frente,
Deixa que a fé te mova
Acredita, acredita sempre,
E segue,
Que a vida é essa rotação de estações
Os ponteiros de um relógio sempre em giro
No compasso de uma incessante caminhada.
Sejamos movimento
E seja como for
Quando a ultima folha das horas deste ano cair
Mais do que um ano novo
Terás um novo tempo de Deus a ser vivido
Uma dadiva divina
Ano novo
É o teu presente de Natal
Que te é dado por Papai do Céu.
Fabiano Brito
La vida
Vida
É um palco
Tua cara ao vento
Tua face ao carinho
Tua face ao tapa
La vida
Braços que te abraçam
Braços
Que lançam no abismo
Si quieres
Amor
La vida
Te oferta dor
No mesmo galho rosa e espinho
Luz e sombra
A vida é duas faces da mesma moeda
Muda a cara
Só vence quem encara
La vida
Vida
É cara ou coroa
Chuta o balde
Vira a mesa
Engole o sapo
Que a vida é um palco.
Fabiano Brito
Amor vagabundo
No chão,
Urgente,
Que o corpo pede
A carne arde
De mim
Só teu corpo sabe
De ti
Sei, sei todos os segredos
Amor vagabundo
Profano
Sob o selo, segredo
Dos que nos esperam
Pulamos muros
Escondemos nossas taras
Sob mascaras...
Agora, aqui,
Teu
Minha
Nós
Amor bandido
Guarda-se do olho do mundo.
Uma estranha loucura
Você minha cura
Eu tua calma
Amor vagabundo
No chão
Urgente
Que o corpo
Que a alma
Pedem.
Fabiano Brito
Tirando tua roupa
Beijando tua boca
Vou te devorando
Na cabeça
Com a mão
É que esse papo
Eu com você
É coisa de sapo namorando a lua
Mas é que aos olhos do meu tesão
Terra é céu
Céu é chão
E vou te devorando
Na solidão do banheiro
Na cachoeira do chuveiro
Vou te amando
Desse amor profano
Devasso
Vou te devorando
Na cabeça
Com a mão
Fabiano Brito
2 poemas juntos 4
A pele
O arrepio...
O prenuncio
Para a eternidade do gozo...
Que quando se ama
É o único instante
Que podemos tocar
Aquilo que é infinito.
Fabiano Brito
Quando criança,
Sonhava que voaria...
Adulto, os pés sempre ficaram pregados no chão
A cabeça, essa,
Continuando voando nas nuvens
Sou feito de sonhos
Alado
Pássaro em voo
Fabiano Brito
No espelho do relógio
Ainda ontem a face de um menino,
O mantra,
"O que você vai ser quando crescer?"
Astronauta, médico, inventor...
Não fui nenhum
Nem cresci tanto
Faculdade mesmo, apenas a da vida
Onde aprendi por amor e pela dor
A soma dos dias, resultou anos
Acertos e erros
Algumas cicatrizes
Algumas externas, outras na alma.
Agora no espelho do relógio
A face de um quase velho
Rugas, desenganos, vitórias, derrotas
Mas o reflexo no espelho
Mostra que o olho de quase velho
Olha o mundo
Com o mesmo olho do ainda ontem menino
Que um dia fui.
Fabiano Brito
2 poemas juntos 3
Sou e continuarei sendo
Algo inacabado
Um conjunto formado de perdas e ganhos
Uma construção permanente
Buscas, encontros, desencontros
Moldando-se as transformações do mundo que me cerca.
Que ser inteiro,
Que estar pronto
É morrer
Vida é a continuidade de se auto construir.
Fabiano Brito
Que amor é flor
Quando chega ao fim
Saudade é espinho
Fincado no peito de quem ficou
Na espera, a espera,
Na espreita
Olho na porta
Olho na tela do fone
Que a porta se abra
Que a luz na tela chame
Que volte, a flor-amor
Que saudade é espinho
Fincado no peito de quem ficou.
Fabiano Brito
2 poemas juntos 2
Desde que chegamos
Nesse plano, terra
Vai nos dando Deus
Tinta e pincel
Para pintarmos as aquarelas de nossas vidas.
Sobre a mesa arrumados,
Potinhos em arco-iris de tons
Mas a escolha é nossa
Na tela, desenho e pintura
São de nossas criações
Deus, vai apenas providenciando,
Tinta e pincel
Para colorirmos as telas de nossas existências.
Fabiano Brito
Te vejo assim
Azul
O mundo no meio do cosmo
Pequena flor, frágil,
Mas capaz de fazer uma primavera acontecer.
Fabiano Brito
2 poemas juntos 1
Peço a ti senhor
Apenas a simplicidade
De uma pequena flor na ponta do galho,
Que quando se vai
Pétalas ao vento
Deixa a benção de um fruto,
Nada mais peço,
Apenas ser na vida
Flor, depois fruto.
Fabiano Brito
De todos os meus segredos,
O que guardo no quarto secreto
Dos meus sonhos
É teu nome...
Sob o selo
Das coisas imorredouras.
Teu nome
Que se pronuncia nas formas de todas as poesias
Que no peito afloram.
Neste pequeno poema roto
Que é todo feito para te dizer:
Te amo...
Infinitamente, te amo.
Fabiano Brito
Quando criança perdia horas a correr a caça de borboletas
A cada uma que capturava,
Um tesouro que guardava em um vidro.
Mas presas, pareciam feias,
Abria a pequena prisão e elas partiam em revoada.
O voo, livres, subiam ao céu
Sempre imaginei que voavam para os jardins de Deus
Lá onde não há algozes infantes para lhes tolher a voo.
Peço perdão a todos as borboletas do mundo...
Não sabia a agonia, a prisão no vidro
Que hoje sei
Que o mundo é um grande vidro
Onde estamos presos
E tantas vezes impedidos de voar,
Até que um dia a tampa se abre
E Deus nos chama para voar nos seus jardins
Onde não há algozes para nos tolher o voo.
Fabiano Brito
Tantas naus lancei
Nos pequenos oceanos deixados pela chuva,
Navegar...
Minha alma sempre foi vela ao vento
Desejo de ir além,
Velejar mares,
Sempre em frente
Até terras e portos do outro lado mundo...
Barquinho de papel
Nunca parti,
A mesma terra,
O meu lugar...
Hoje olhando a chuva que cai
E os pequenos rios ao pé das calçadas
Vi uma a uma as tantas naus que lancei
Não fui para o longe, não fui o que sonhei,
E hoje sei, alguns tem corpos que partem,
Corpos que viajam o mundo
Que seguem sempre em frente
Outros, como eu,
Trazem apenas suas almas ciganas,
O corpo é apenas barquinho de papel,
Que sempre que deixa o porto
Sucumbe em um naufrágio...
Quanto a minha alma,
Esta, continua,
A lançar naus, vela ao mundo,
A sonhar
As terras e portos do outro lado mundo.
Fabiano Brito
Não,
Não é por ti
O cinzeiro cheio
O copo vazio
Essa bagunça na casa e na alma..
Nada importa que tenhas partido...
Não é por ti,
Mera coincidência, nossa musica
No ar, enchendo a sala
É que só achei esse disco
Difícil encontrar as coisas nessa bagunça
Na casa, na alma
Estranhamente em meio a desordem
Minhas mãos só encontram as nossas coisas
Talvez seja porque
Casa, alma, no meu peito
Tudo foi ficando cheio de você.
Não, não é por ti
Não é a tua ausência...
Mas tua presença
Quando não estás mais aqui...
E que sei, nunca, nunca mais.
Fabiano Brito
Houve um tempo...
Quando nossas loucuras se encontravam
Sonhos...
Um tempo... que a tanto se guarda
Perdido no bem longe dos dias...
Quando tudo era fantasia
Uma historia de faz de conta
Você era princesa,
Que morava em um conto de fadas,
E eu, infante,
Roubava céu e terra
E mar...
Um dia,
Dizia,
Um castelo
Eu e você...
Mas contos de fadas
Moram apenas nas paginas dos livros
A vida não faz de conta
E nossa historia não terminou
"E foram felizes para sempre"
Houve um tempo
Um dia, dizia
Um castelo
Eu e você!
Fabiano Brito
Aos meus filhos
Tiago Brito e Gabriela Brito
É assim que vos guardo
Ainda que sem o tato
Ainda que sem a visão
Cotidiana,
O meu coração
São mãos que vos guardam
São olhos que vos veem.
Que o tempo nós faz mar
Seguimos rumos,
Mas dentro,
Sou essa permanente oração
Que a Deus pede
Pelos vossos nomes,
Mas todo eu sou essa permanente gratidão
Por vocês,
Por poder dizer de vós:
Meus filhos!
Fabiano Brito
Todos os dias partes de mim
Como um outono que se repete cotidianamente
Mas meu pensamento é sempre primavera
E ainda que partas todos os dias de mim
Tua lembrança se abre
É primavera que nunca morre dentro de mim.
Todas os dias partes
Sem nunca partir,
Ficas sempre,
Para sempre,
Parte que não se aparta de mim.
Fabiano Brito
" É cômodo acreditar no que nos consola. Mais difícil é perseguir a verdade. Quanta verdade você é capaz de suportar?"
Friedrich Nietzsche.
A fotógrafa Nancy Borowick, após descobrir que seus pais foram diagnosticados com câncer, registrou durante um ano as imagens de amor, fragilidade, compaixão e companheirismo ente os dois. Em fotos preto e branco, ela mostra a vida do casal durante o tratamento e consegue transmitir a delicadeza do momento, assim com os sentimentos de um pelo outro.
Chega um tempo que mais do que amor é cumplicidade
É transmutar-se um no outro,
Um só corpo, uma só carne
Um só verbo: AMAR
E se ama infinitamente
E ama-se o outro
Como um Deus ama a sua criação...
Um só verbo: AMAR!
E se passa a dizer um ao outro
"Eu te amo"
Ainda que sem perceber,
Em cada gesto,
E misteriosamente o outro compreende,
E sabe que ama e que é amado.
Chega um tempo
Que mais do que amor,
É plenitude...
Fabiano Brito for Nancy Borowick
Não hás de envelhecer
A maturação dos anos
Sobre ti,
Será como aos frutos...
O tempo te tornará doçura...
Que importam as marcas do tempo em teu corpo?
O paladar esta na boca e não nos olhos.
Quem mais que tu,
Sabe os segredos de nós
Homens?
Não são as chamas altas que fazem o bom prato
Mas a dose certas dos temperos
O calor na medida certa.
Não te prendas,
Relaxa cada músculos do teu corpo
Ousa, prova o que o teu desejo pede,
Não temas...
(Confessar um segredo de macho)
O olhar... o olhar é tudo que levamos
É a lembrança que fica na nossas retinas
O brilho,
Como nos fita a fêmea na hora do gozo...
Inconscientemente...
É essa magica do olhar
Que nunca nos permitirá esquecer
Uma mulher...
(PS:Não conta que falei esse segredo)
Fabiano Brito
No labirinto das ruas
Sob o cinza das madrugadas
Os pequenos sons que vem dos templos dos prédios
Um tango toca em uma janela
Um choro abafado escapa pelas frestas da porta
Vidas que continuam escondidas entre paredes.
Em algum quarto alguém escreve um último bilhete
Um cão vaga faminto
Na sarjeta um bêbado faz sua cama ao relento.
Algum corpo aguarda a descoberta de sua morte.
A madrugada é um outono
Alguns partem feito folhas desgarradas do galho ao vento
Outros renascem e brotam
No labirinto das ruas vazias...
Vou garimpando a cal para minha poesia.
Fabiano Brito
No pequeno quarto na penumbra
O vermelho sobre a cama
O vermelho em tua boca
A mistura no ar
Teu perfume, o cigarro, o copo...
A sedução...
Teu riso
A malicia no olho
Eu menino, dessas coisas,
Do quarto,
Da cama,
Nada eu sabia.
Teus braços,
Tua voz em meu ouvido
O calor do teu corpo junto ao meu
Aprendi, ali, contigo
Que mesmo sendo a vida finita
Há momentos que somos infinitos
Fabiano Brito
É envelhecemos...
O tempo, os anos,
Já não somos os mesmos,
É preciso reconhecer,
Mudamos!
Não somos mais os amantes avidos, atléticos, incansáveis.
Perdemos força, músculos...
Ex vulcões, agora somos braseiro de fogo brando,
Mas se tivemos perdas, nos veio ganhos
Amor maduro,
Mais carinho, mais sedução, mais namoro, mais tempo ali junto...
Mas o mais que curto mais
É o mais ternura...
O tempo lega uma forma única ao amor maduro
Algo que não se explica,
Apenas sentimos,
A cumplicidade!
Talvez seja esta a palavra que melhor defina.
E tem aquela calma que vem depois
Quando se percebe que mais do que sexo
Se fez amor.
Que amor maduro é o amor na sua forma perfeita,
É o amor em plenitude.
Fabiano Brito
Porque amor é coisa que se guarda
Mesmo quando o outro se vai...
E o coração fica sempre em guarda
Na mesma espera, que não cansa,
Mesmo quando sabe que não alcança..
Porque amor é coisa que se guarda...
No coração de quem fica
Que quem ama nada sabe sobre o tempo,
Desconhece as fases da lua,
Os dias nos calendários...
O coração fica sempre em guarda
E guarda
Porque amor sempre espera
No coração de quem fica.
Fabiano Brito
sábado, 19 de março de 2016
Diário de um Louco
XXX Devaneio
Sempre existira uma escada imaginaria a tua frente,
Capaz de te levar a outros mundos em distantes galaxias.
Ainda que, ainda quando, seja como,
Alguém (eu disse alguém e vale para qualquer coisa ainda)
Interromper tua trajetória
Lembra-se:
Sempre existira uma escada a tua frente...
Muda o curso, sobe alguns degraus e fica acima,
Isso, acima do escotro, que te emperra os passos.
Não, não, não é loucura...
Sempre existira uma escada a tua frente...
Que importam os lados,
A vida é você e sua escada,
Ali a sua frente...
O desafio é a coragem galgar os degraus,
E isto apenas teus pés e a tua força são capazes de fazê-lo...
De cada lado sempre se abriram dois abismos,
(segredo: não olhes para baixo, nunca olhes para baixo)
Claro que sempre haverá... é preciso que eu diga,
Aqueles que jogaram pedras, que tentaram, que torceram por tua queda...
Não escutes as vozes dessa gente,
E quanto as pedras?
Sempre haverá um escudo chamado fé... que nos guardará
Nada digas, a chave para o escudo é crer! Apenas creia com todas as suas forças!
Um dia quando menos perceberes... estarás em um ponto tão alto que os lados, que os abismos, que as pedras, que os escotros, não poderão mais te alcançar.
Acredite....
Sempre existirá uma escada imaginaria a tua frente
Para te levar ao alto.
O meu amor tem um corpo perfeito...
Olhos que brilham quando me olha
Pele que arrepia quando lhe beijo
Uma boca linda que me diz: "eu te amo"
Braços longos que me abraçam forte
Curvas metricamente feitas para o encaixe de minhas mãos.
Pés cujos passos estão sempre em sintonia com os meus.
O meu amor tem um corpo perfeito...
Fabiano Brito
Em imagem de uma das fantásticas bonecas da artista MARINA BYCHKOVA.
Tinha olhos verdes,
Na cor que lembra o mar,
Que brilham como os astros no celeiro sideral.
Primeiro amor...
Amor infante,
Secretamente as mãos dadas,
O coração em descompasso,
Paixão... a agonia da paixão,
O querer estar sempre perto
A vontade do outro,
Quando longe dos olhos,
A ânsia, o desejo da presença.
Fortuitamente, o primeiro beijo,
E adeus sono, sonha-se acordado
E adeus fome, vai se devorando,
Permanentemente a imagem do outro...
E gravemente vos digo:
Morre-se sim de amor!
Eu do amor primeiro,
Escapei por pouco.
Tinhas olhos verdes,
Na cor que lembra o mar.
Fabiano Brito
Em imagem by Berk Öztürk
As vezes sou assim frágil,
A vida me leva para um canto,
Perco o encanto de todas as coisas...
Talvez seja cansaço
Do que os meus olhos veem,
A vida torna-se monocromática,
Pesa chumbo...
Talvez seja medo
Dos desafios a vencer,
O medo de não alcançar objetivos.
Nos tornamos permanentes desafios,
É vencer ou vencer!
Caminhamos sobre o fio da navalha,
Ao nosso lado sempre um abismo esperando a nossa queda.
Já não há tantos canteiros com flores no caminho,
As torres de pedras nos olham do alto,
E a bocas de asfalto vão engolindo os nossos passos.
As vezes sou assim frágil,
Um desenho cinza,
Que guarda riso e palavras,
Um pequeno silencio no canto
Como se a vida tivesse me posto de castigo.
Fabiano Brito
Nosso amor que morre,
Nosso amor que morre,
Agora o silencio de um salão vazio...
Antes, o riso, a serpentina,
A musica, o baile...
Nossas vidas,
Dois foliões na algazarra da folia,
Agora o branco no preto
No meu peito um coração de Pierrot...
Que é amor
Que todo dia morre
Feito a folia
Nas cinzas de uma quarta-feira fria.
Fabiano Brito
Que importa, que importa que a vida...
Que a vida tenha me lançado tantas vezes na lona?
Eu levantei... levantei e continuei a ser mais sarcástico do que ela
Continuei, apesar das cicatrizes, ossos quebrados,
A ser por dentro,
Um palhaço no picadeiro...
Que zomba, que tripudia,
Que... mesmo quando o dia,
Foi o mais escroto dos dias....
Fez uma graça, fez trapaça,
Enganou a desgraça!
Quantas vezes... quantas vezes meu Deus...
Enganei tristezas, magoas, dores,
Quantas vezes...
Mandei essas coisas todas: "Que se fodam!"
Mais não abri mão de ousar o riso,
De teimar pelo que é alegre, por tudo que encanta...
Hoje... pós a vida na minha face marcas do tempo
E me olha do fundo espelho,
Aponta, olho de satisfação,
A dizer: " Você esta velho, vê?"
Talvez... Talvez tenha razão, a vida...
Mas solenemente, sarcasticamente,
Declaro:
Continuo até o apagar da ultima luz ...
A ser por dentro,
Um palhaço no picadeiro.
Fabiano Brito
Do amor quando revolta.
O amor é mesmo desdita
Um dia fala manso, diz eu te amo
Em outro grita: vou embora
E se vai,
Porta a fora,
Nem se volta para olhar as lágrimas de quem fica
E não volta,
Para saber o quanto sofre quem ficou.
Amor é uma desdita,
Pior que a gente sempre acredita,
No dia que fala manso e diz: eu te amo.
Fabiano Brito
Guarda silêncio sobre a nossa historia
Que se perca nas lacunas invisíveis do tempo.
Nada mais somos,
E o amor não guarda memoria
Ama-se alguém depois
E amar é presente,
Não lhe cabe passado ou futuro
Que amor é chama que arde
É o instante...
O amor só tem olhos de olhar para frente.
Saudade de amor só vale
Quando é de alguém que vem
O ou os que foram,
São túmulos lacrados,
Sob a terra,
E sobre estes uma lápide:
NUNCA MAIS
Guarda silêncio
Para sempre.
Fabiano Brito
Os pudicos que perdoem
Mas amor tem que ter corpo
A carne na carne,
Suor, saliva,
Que os corpos sejam chamas,
E que as chamas queimem
Desejos, sacanagens, taras,
Os pudicos que perdoem,
Mas é preciso sempre
A loucura, a paixão,
Na cama..
Canibais
Um a devorar ao outro
Músculos em riste,
O gozo...
É preciso estas mortes
Que nos dá o gozo...
Esse sensação que nossas almas levitam,
Que vão ao céu
E voltam ao encontro de nossos corpos,
Purificadas pelo pecado santificado
Do sagrado gozo.
Fabiano Brito
Diário de um Louco
XXXVII Devaneio
Todos os dias o diabo me leva,
Todos os dias Deus me salva...
Céu e inferno...
Permitam que eu diga:
A vida é céu e inferno!
E a estrada que nos leva de um para o outro
Chama-se agonia...
E as vezes cansamos
Por isso o salto no abismo,
O tiro no peito,
A cicuta na taça...
Quantas vezes nos matamos dentro de nossa agonia...
Quantas somos salvos no ultimo instante,
Pelo acaso que imaginamos Deus.
Todos os dias o diabo me leva,
Todos os dias Deus me salva,
Todos os dias, todos os dias, todos os dias...
Céu e inferno,
O jornal estampa a estatística dos que não sobreviveram
Contam os corpos, arranjam motivos,
Para o sangue, para os corpos amontoados,
Morremos todos os dias,
É preciso que Deus nos salve
Todos os dias, todos os dias, todos os dias....
Fabiano Brito
Ao Amigo/irmão Lifanco Kariri
"África quanta dor
África,
Por que tanta falta de amor?"
Musica África - Lifanco Kariri
Por que
(á)F(r)ICA a dor
E nenhum amor?
Mãos estendidas, clamam,
Nem homens,
Nem deuses,
Ouvem...
Tudo é silencio!
O mundo gira,
Roda-gigante,
Lá no alto
Disseram os nautas-astros:
"O mundo é azul!"
Não viram a cor de tua negritude
Não viram a cor de tua fome
Não viram a cor de tua sede,
Tuas mortes não tem cor,
Lá no alto
Não chega o som de tuas vozes
Não chega o som de teus corpos quando caem.
O mundo é azul, o mundo é azul, o mundo é azul...
Dizem em coro,
Os astronautas, nautas-astros
_F_ICA
A dor
E nenhum amor
África...
É Azul, azul da cor do mundo,
Mas o olho branco que olha o mundo
Não enxerga
O azul, o azul, azul,
Que te cerca,
Primeira terra,
Mãe do mundo.
Fabiano Brito
Nem sempre os passos seguem juntos,
E nos perguntamos por que não foi
Se era tanto, se brilhava eternidade...
Se restou essa vontade perpetua de não partir?.
Seguimos rotas opostas, nos perdemos,
Rompeu-se a linha que nos prendia um ao outro
Mas de alguma forma, mais juntos estamos presos
Em um imaginário lugar que não se perde no tempo.
E assim como sol e lua,
Sem sermos jamais encontro,
Nos encontramos sempre nas lembranças, dentro dos nossos pensamentos...
E nos perguntamos por que não foi
Se era tanto, se brilhava eternidade...
Se restou você sempre aqui
E eu junto a ti?
Fabiano Brito
Confesso... Apesar do tempo,
Dos caminhos que trilhei,
De todas as distancias,
Desse silencio sobre nossas vidas depois que partimos,
Confesso... Sempre te guardei em mim,
Foi impossível matar teu nome, tua lembrança...
Te guardo, te guardo secretamente,
Disfarço, encubro, escondo,
Mas sempre vais comigo,
Dentro, onde esta escrito: Amor.
Fabiano Brito
Se em você de mim bateu saudades,
Aceite o luto e os fatos
Enquanto você partia
Alguém vinha,
E achou a porta aberta que você deixou...
Se em você de mim bateu saudades,
Em mim nem lembranças,
Imagina essa coisa de saudade.
O que me bate, o que me bate,
Não digo por sarcasmo,
Nem falo em tom de vingança
Mas aqui a brisa traz é felicidade.
Aceite o luto e os fatos
Do nosso ex amor
Que morreu,
Enquanto você partia
E alguém vinha,
Acertou com a porta aberta
Foi com minha cara,
E virou minha cara metade,
E se tornou minha metade cara,
Aceite o luto e os fatos
O que me bate
É felicidade.
Fabiano Brito
Uma noite, o acaso,
Perdidos nas sombras da noite,
Nos encontramos,
Nossos olhares, nossas solidões,
Depois, nossos corpos...
Uma noite,
Feito uma vida,
Feito eternidade, dentro de nossas finitudes...
O dia, o sol que nasce,
Partimos para nunca mais,
Tatuado em nossos corpos
Uma noite
Feita da mesma matéria
Que se fazem as coisas infinitas...
Uma noite
Feito eternidade.
Fabiano Brito
Como chega a tarde e perde o mundo claridade,
Nós, bichos, feras,
Entardecemos
Como um sol que se deita,
Deitamos calma ao corpo e na alma.
A vida é uma jornada de luz
Nascemos heliocêntricos
Giramos em torno do que brilha intensamente
Sobejamos brilho...
O tempo vai nos girando
E nos aponta para a montanha
Onde o sol e ocaso
Onde somos cansaço.
Um leão sobre o monte
Na contemplação plena da savana
Quietude,
Se vai a força, ganhamos sabedoria,
Se vai a velocidade, nos vem praticidade
Perdemos a luz intensa do sol que fomos
Mas nos resta a claridade
Que brota dos astros infinitos no celeiro do céu...
Fabiano Brito
Não falo o teu nome,
Não revelo o teu rosto
Você o meu segredo
Minha prenda secreta
Eu te guardo do olho do mundo,
Não falo teu nome
Não revelo o teu rosto
Teu corpo
Só eu sei
Só eu devoro
Só eu profano
Tua santidade
Só eu vejo
A tua cara safada
Só eu escuto
Tuas palavras profanas
Só eu tenho as marcas
Dos teus dentes
De tuas garras
No meu corpo
Na minha pele
Só eu tenho
Tua santidade dissimulada
O teu gozo
Não falo o teu nome
Não revelo o teu nome.
Fabiano Brito
Teu
Ainda que digas,
Nunca mais...
Sempre a minha mão
Estendida no ar
A imaginar,
Tocando a tua.
Teu
O meu amor
Todo amor que guardo
Ainda guardo
Teu
Porque o amor não sabe partir
Segue o rasto, atravessa a montanha,
Vai além mar
Porque o amor
Mesmo quando é dor
Não sabe morrer
Não se dissolve,
Porque é amor
E amor não sabe
Morrer.
Fabiano Brito
Preste atenção no que lhe digo
Que mais te leve
Distancia e tempo
Que aqui sem você
Vou indo muito bem.
Já não tem falta,
Nem perdas, nem danos
Desculpe a franqueza,
Mas longe de você
Ando tão leve
Por isso digo
Que mais te leve
Distancia e tempo,
Nem perdas, nem danos
Agora o jogo é outro
Na minha mão é trinca de ases
Criei asas
E alguém me ensinou a voar.
Então faça um favor
Esqueça, que eu nem lembro mais
Você apostou e perdeu
Que aqui sem você
Vou indo muito bem
Longe de você
Ando tão leve
Desculpe a franqueza
Que mais te leve
Distancia e tempo.
Fabiano Brito
Em obra de Zdzislaw Beksinski
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Augusto dos anjos
Eu filho da nova era
Entre os escombros de um mundo em destruição
Nascido sob a epigênese zodiacal de peixes
Controverso, antagônico,
Os dois sentidos
Sol e lua
A soma de todas casas do zodíaco
Que se foda... até nisso fui o ultimo
Pices
Nascido na era de aquários,
Fosse a era do mar
Não seria esta prisão o mundo a minha volta
Fosse eu chegado na era do ar
Podia voar...
Mas nasci na era de aquários
Pelo vidro das janelas que me cercam
Vejam as bombas que explodem
O sangue que se derrama
A montanha de ouro que se forma ao pé da cruz
Monstros na escuridão
E o diabo rindo no cume da montanha.
Onde esta Deus? Perguntam as imagens dos que morrem de fome
Sobre a terra os corpos negros, esquálidos, mortos, mortos, mortos
O cheiro da pólvora da bala disparada
O som do estampido
O som de mais um corpo que cai ao chão.
Eu filho da nova era
Entre os escombros de um mundo em destruição.
Nascido na era de aquários
Preso em uma redoma de vidro
Ouço o grito dos que morrem
E silencio....
EU, FILHO DO CARBONO E DO AMONÍACO,
MONSTRO DE ESCURIDÃO E RUTILÂNCIA,
Fabiano Brito
Foto By Eric Rose
Que tua imagem se perdesse na escuridão
Bem no fundo das sombras
Onde a luz da minha lembrança não te enxergasse mais...
Como um balão de ar quente
Fossem nossas lembranças
Levadas pelo vento
Até quando esses olhos
Que te olham no meu peito
Perdessem tua visão no firmamento.
Que tu fosses esquecimento...
E não essa agonia,
Aqui dentro
Que sabe que partiste
Mas que eu não me aparto de ti.
Fabiano Brito
Aos amigos Antonio Ferreira e Fábia Rocha (que parte)
Aprendemos que somos infinitos,
Que somos aves em migração nos planos divinos
E que nem sempre voamos juntos,
As vezes ou quase sempre,
Partimos em tempos distintos
Mas há uma linha imaginaria
Que nos liga eternamente
Que nos faz dois
Um do outro,
Dentro deste infinito de Deus.
Amor é algo indecifrável,
A maior aceitação de um ser por outro...
E por mais que seja incompensável, incompreensível,
Que se parta assim distintamente um do outro
Haverá sempre a tal linha imaginaria
Que nos prende em planos diversos
Porque amor é algo indecifrável,
Inquebrantável,
Porque amor é o que se guarda dentro de nós
Que nos foi ofertado pelo outro
E guardamos, cada um ao outro,
Ainda que distanciados, ainda que os olhos não vejam,
Ainda que o tato não toque...
Mas nossas almas continuam ali juntas
Para quando formos novamente encontro.
Somos aves em migração
E haverá um tempo
Quando juntos voaremos para sempre.
Fabiano Brito
Nada adianta tuas garras sobre o ouro
A coroa em tua cabeça
O cetro em tuas mãos.
O teu poder sobre a terra
Haverá um tempo
Que sobre ti apenas a lapide fria,
No retângulo da cova
Apenas o pó do que foi teu corpo.
Em volta apenas outros iguais a ti
A espera dos teus espólios
O teu ouro, tua coroa, o cetro
E o teu imaginário poder sobre a terra.
Depois uma guirlanda seca ao sol
Um sepulcro caído por morada eterna
E o total esquecimento de tua existência.
Fabiano Brito
Sobre a terra,
Em nome de Deus
Em nome de Deus
O sangue dos cordeiros derramados
A guerra.. a guerra...
Na terra a terra
Negada
Cordeiros humanos
Sacrificados
Corpos barcos mortos no mar
Em nome de Deus
Na terra
A guerra...
O sangue, o sangue, o sangue
Cordeiros
Sem nomes
As bombas,
Estrelas
No céu
A fumaça, a fuligem,
Na terra,
Os corpos
Cordeiros
A guerra
Em nome de Deus.
Fabiano Brito
Há dias
Flores cinzas
Pesados como chumbo
Duros como pedra
Há dias
Para os quais Deus vira a face
Apenas nossos pés descalços
Na aspereza da areia
Nossa nudez revelada
As nossas asas falsas...
Há dias
Feitos navalhas
Rasgam nossa carne
E nos fazem sangrar.
Cinza, chumbo, pedra
Há dias
Que nos sepultam no fundo da terra
Sem luz, sem ar,
Sem sol, sem lua,
Sem estrela a nos guiar.
Apenas nossos pés descalços
Na aspereza da areia.
Fabiano Brito
Talvez eu engula chiclete,
Ou me afoque na pia do banheiro.
Acrobaticamente, quem sabe,
Eu salte do alto de uma tampa de coca-cola.
Tragicamente, irremediavelmente,
Esta noite, a minha morte...
A vida ceifada em um golpe falta
Da pua de um alfinete na ponta do meu dedo.
É preciso que eu sangre ( o vermelho, o sangue torna tudo mais trágico)
E é preciso que vejam o meu corpo
Que se faça a caça de um bilhete
Para se desvendar o mistério, o porque?
Vozes nervosas a discutir a causa atos mortis...
"Foi coisa de amor" "Digo que foram dividas"
Nada deixarei escrito...
Que deambulem a procura do mapa que leve a razão e ao porque do meu ato...
Mas a quem interessar possa
Morro por cansaço de viver.
Fabiano Brito
Um dia o meu tempo será pó
Sobre a minha carne
O peso da terra e dos meus pecados e erros.
Talvez do casulo que foi meu corpo
Liberte-se uma alma
Que habitará outra dimensão.
Morto, a cova é uma fenda,
Que me levará a um jardim secreto
Onde tudo é segredo...
Talvez não me leve a lugar nenhum,
Que reste apenas o silencio absoluto do que fui,
Matéria em decomposição
Pó que volta ao pó.
Talvez do casulo que foi meu corpo
Liberte-se uma alma...
Mas vos peço,
Sobre minha lápide escrevam:
"Se existem almas e se estas se libertam,
Aqui jaz um corpo,
Cuja a alma libertada
Era uma alma de poeta."
Fabiano Brito
Amante
Apenas,
Os escombros de teus desejos,
Deposito de tuas taras
Um corpo
Água para saciar a sede
Alimento para matar a fome...
Depois outro mundo
Outro perfume
Outro nome de mulher.
E eu apenas,
Aquela de quem te socorres
A que espera o instante
Que vive da soma de momentos.
Amor... amor escroto
Que sempre digo, nunca mais
Mas vens e me encontras
Sempre esta que te espera.
Guardo minhas queixas,
Entrego-me
Tua Gueixa,
A que sempre deixa
O mundo, tudo,
Só por ti
Um corpo
Que se guarda
Na solidão dessa tua espera.
Fabiano Brito
Mulheres?
Tenho alguns exemplares:
Mãe, esposa, filha, neta,
Cada uma de uma forma
Formam um circulo a parte dentro do circulo do mundo
O planeta feminino!
Que nós homens (é preciso reconhecer esta verdade)
Vivemos girando ao redor
Como luas planetárias...
No fundo machos são bichos incompletos
Talvez porque nos falte aquela costela
Que Deus nos tirou para faze-las ainda no paraíso
São sempre elas, as mulheres, que nos completam.
Quando algo nos falta, eles nos fartam
Quando perdemos o rumo, elas abrem caminhos
Quando perdemos a fé, nos olham com olhos marianos,
Olhos da mãe de Jesus,
E se revela o que verdadeiramente são:
Uma dadiva divina,
Capaz de operar milagres cotidianos.
A minha Priscila, a minha Sel, a minha Gabi e a minha Anamaria
Feliz dia e que o feliz esteja em todos os dias. Amém!
Fabiano Brito
Cinquenta e três
Hoje completo de tempo vivido
Fora, as marcas aparentes,
Cicatrizes, rugas, cabelos nevados,
Óculos para ler... que longe ainda enxergo super bem
E isso é algo bárbaro, na minha idade, ver longe
Porque futuro esta sempre dentro de uma distancia!
Compreendeu a vantagem de enxergar bem o longe?
Enquanto for assim vejo futuro diante de mim
E no futuro é onde moram os sonhos e habita a esperança.
Cinquenta e três anos
Mas reconheço uma alma bem imatura para a idade
Que não perdeu a capacidade de construir castelos na areia,
De conversar com estrelas, namorar a lua,
De encantar-se com sol nascente, rosas no jardim, caminhar a beira mar, fazer comidinha ao pé do fogão...
Que insiste em fazer poesia em meio a um mundo cor de cinza e duro como pedra.
Que apesar de tudo olha o mundo
Com olho de criança que vê o mar pela primeira vez...
Este sempre foi o meu segredo de vida,
Olhar a vida com o mesmo encanto
Que mora na retina dos olhos de uma criança que vê o mar pela primeira vez...
Obrigado meu pai
Por meus cinquenta e três anos de vida,
Com olhos que veem longe muito bem
E essa alma encantada de criança que vê o mar pela primeira vez.
Fabiano Brito
Quem move as engrenagens
Não é o discurso do patrão
Em rede nacional
São as mão dos operários
No barro da construção
Na graxa do maquinário.
Quem move a roldana do país
Não é o palanque que forma os poderes
A roda gira é pelo impulso das mãos
Que recebem o minguado tostão.
Quando param as mãos
Seca o cofre do barão.
Quem hasteia a bandeira não é o de gravata que puxa a corda
Mas quem faz o mastro
E costura o pavilhão.
As mãos
Sujas do barro
Da graxa do maquinário
É que move a nação.
Fabiano Brito
Somos feitos de pequenas mortes
Sobrevivemos a morte de sonhos
Ao fim de esperanças...
Que a vida é caminhada que finda
Morremos a cada dia que vivemos.
Seja o que for nada é para sempre
Apenas um tempo dentro do tempo que nos resta.
Um dia a nevoa nos olhos,
A cegueira sobre todas as coisas, ditas, nossas...
Tudo ficará para trás,
Até os nossos corpos
Fincados em uma cova rasa.
Fabiano Brito
Desculpe se não sei separar
Minha vida, minha alma, minhas partes das tuas
Mas é que o meu amor ainda insiste
Em levar flores só para você...
Meu amor,
É que o meu amor
Sempre foi pra valer
E vale para sempre
Desculpe se te amo assim,
Fora de moda
Que faz poema de saudade
Que liga na madrugada só para ouvir tua voz
É que não aprendi
Separar,
Minha vida,
Minha alma,
Minhas partes das tuas
Desculpe se ainda te amo
É que meu amor
Sempre foi pra valer
E vale para sempre.
Fabiano Brito
E o escroque se disfarça
De anjo salvador da pátria
Vai as ruas, sobe nos palanques, fala ao povo
"Eu sou o cordeiro da salvação!"
Puro entre os puros
Diz o puto.
Ergue o braço, punho fechado
Enche o peito e grita
"É preciso matar o rei!"
E a audiência de chacais vibra
A turba branca, o cristal nas mãos,
Ensaiam um francês
"Mort au roi, Mort au roi!"
Esquecem na prateleira o velho livro de história.
Fabiano Brito
Fado XX
De todas as prisões que estive
Nenhuma como esta de estar preso a ti
Estando longe, longe assim,
A tua vida de mim.
É estar nesta cegueira
Que me és imagem clara no pensamento
Mas meus olhos não te veem.
O meu degredo,
Amor meu,
É ser assim
Barco perdido no mar da vida
Sem o porto dos teus braços
Para o meu corpo,
Nau,
Aportar.
De todas as prisões que estive
Nenhuma como esta de estar preso a ti
Estando longe, longe assim,
A tua vida de mim.
Fabiano Brito
Fado XXI
Minha mão na tua
Meus passos, na areia, junto aos teus
Olhava o mar
E a Deus pedia
Que fosse o nosso amor
Infindo como os oceanos
Ao viso do meu olhar.
Mas ao meu rogo
Foi o céu, perdoai,
E Deus, E Deus,
Moucos
E hoje
Tão grande como o mar,
E infinito como os oceanos,
É dentro mim
Essa saudade tua...
Fabiano Brito
Em lembrança do pequeno Aylan Kurdi criança morta em praia turca que tornou-se símbolo de crise migratória.
Talvez tua alma permaneça caminhando na praia onde teu corpo dorme
Esquecida aos nossos olhos
Longe da lembrança dos homens.
Talvez teus pés pisem a areia iluminada pelo sol
E caminhes livre da fuligem da guerra
Do som das bombas matando a terra
Livre em um caminho de paz
Livre como o albatroz que corta os mares
Aylan Kurdi
Talvez tua lembrança morra
Em meio a tantos outros corpos como o teu
Talvez dentro da nossa frieza e pressa
Não exista calor para aquecer a memoria do teu corpo frio
Não reste mais tempo para viver a tua morte.
Perdoai esse poema roto, mas foi o que pude,
Para guardar o teu corpo
E as marcas dos passos de tua alma
Na areia onde o teu corpo dorme.
Fabiano Brito
O que marca
São as marcas na alma
O que esta além do tato
A dor abstrata
Como brisa que vem e passa trazendo teu cheiro.
Que o amor
Mora é dentro na alma
Infinito... o amor é infinito
Esse que tenho a ti
Que me cega a tua ausente visão
Que me cega como quem olha o sol
Essa dor, essa sombra sobre o meu riso,
É saudade...
Saudades tua
Infinito
O amor é infinito
Esse que tenho a ti.
Fabiano Brito
Assinar:
Postagens (Atom)