sábado, 10 de maio de 2014

Plenitude

Dos pedaços que fui perdendo
Na esteira do tempo
A ausência de tua mão na minha
O som de tua voz
O teu olhar namorando o meu...
E todo o conjunto que forma a tua ausência
É o que me falta
Para que me sinta completo,
E veja a vida
Com olhos de plenitude.

Fabiano Brito

Pisces

Sob a força do zodíaco
Pisces, fui posto a prova
Antagônico
Luto dentro dos meu contrários
No incansável movimento das mares. 
Água como elemento 
As vezes sou rio que avança
Em outras a paz de um lago que espera.
No ascendente de leão
Passo da calma na alma,
Ao rugir de fera no picadeiro.
Inventivo, detesto rotina
Amo a noite, jardim florido, cheiro de livro
Metade santo, metade devasso
Intenso, não vivo de metades ou pedaços.
Que a vida é plenitude. e inteireza.

Fabiano Brito

Campo

Mora meu olhar na nudez do teu corpo
Campo de trigo plantado sobre o leito
Dessa brancura que é nuvem
Espuma do mar
Esculpido no tempo dos teus dias
Pelos riscos de tuas rugas
És tão mais bela assim
Na madureza de uma mulher plena.
Viso, estrela de brilho raro
O melhor de ti me ofertas
Na colheita de tuas experiencias
Garimpas o algo melhor
E trazes,
E me ofertas
No enleio de nossas carnes.
Fabiano Brito

Folhas Mortas

Houve um tempo que eu dizia teu nome
Como quem pronuncia vida
Como quem fala da beleza de tudo que existe
Como quem declama uma poesia
Mortas horas perdidas nas gavetas da memoria
Lá fora a chuva cai lavando as ruas
Levando das calçadas as folhas mortas
Da janela observo um pequeno rio que se formou junto ao meio fio
Onde passam pequenos barcos imaginários de minha infância
Tudo passa levado pela enxurrada
Só essa saudade é que fica agarrada ao meu peito
De um tempo que havia  você.

Fabiano Brito

Rotação

Lá fora a vida continua o seu itinerário
O mundo vai dando voltas e nas voltas que dá
Vai levando o presente para o passado
E transformando o futuro em presente
Não estamos inertes
Seguimos na esteira do tempo
Juntamos dias que se transformam em anos e rugas no rosto
Contamos o tempo em calendários pendurados na parede
Somos uma sequencia de pequenas cronicas cotidianas
Lagrimas, sorrisos, tristezas, alegrias, vitorias e derrotas
Somamos lições, aprendemos segredos
Guardamos lembranças, sentimos saudades
E a agulha do tempo vai puxando a linha de nossas vidas
Mas que a vida, entre todas
É a maior invenção de Deus.

Fabiano Brito

Elementos

Teu toque é água
Me faz puro
Teu toque é terra
Me oferta um chão
Teu toque é ar 
Me faz flutuar
Teu toque é fogo
Me aquece
água, terra, ar e fogo
Teu toque é Deus
Celebrando a minha criação.
Fabiano Brito

A Rosa Negra Halfeti - Turquia

A Rosa Negra Halfeti - Turquia
Cada pétala tua
Um beijo na negra noite
Não a dos céus
Mas aquela que nós, os homens,
Plantamos sobre a terra.
Tua cor é a dor
Que se espalha
Dos que morrem
Pela fome
Pelas guerras
Pela ganancia
Eclodes da terra como um monumento
Em luto por nós
Homens sobre a terra.
Que sobre ti
Rosa Halfeti
Negra como as penas de um corvo
Recaia o nosso olhar humano
Em contemplação,
Em oração
Em meditação
Que o teu sinal
É a vida que manda
É a terra se abrindo em luto
Pelos males
Pelas dores
Pelo sangue dos inocentes
Que se derrama
Que se perde
Oh! Rosa Negra Halfeti
Tende piedade de nós.
Fabiano Brito

Borboletear

Quando a flecha do teu olhar cai no meu
Jardins
Borboletas em volta da cabeça
Flutuo
Crio asas
Estar contigo é viajar
Voar
Parado no mesmo lugar.
Que tens o dom
De conjugar
O verbo
Borboletear
Que conjugues
Em todos os tempos
Que o passado
Seja presente
Que o presente
Seja futuro
Que o futuro
Seja presente e depois passado
Que o desencadear dos tempos
Traga sempre
Tua pele
Teu cheiro
Teu tato
Teu beijo
Tuas unhas em minha pele
Teu beijo
Teu corpo dentro do meu abraço
Que sejamos sempre
Um laço
Que o infinito não desenlaça.
Fabiano Brito

Contos de Fadas

Era uma vez, no reino de quando se era menino,
Você com olhos de mar
E eu com olhos de me apaixonar
E foi o meu olhar
No mar dos teus nadar
E um conto tem que ter
Uma fio de encanto
O primeiro beijo
Coração com asas de borboleta
Quer voar
Um reino com castelo no ar
Você era princesa
E eu um plebeu
Que aprendiz das coisas da vida
Pensava, que o amor,
Era uma historia de conto de fadas
Que sempre termina
Felizes para sempre.
Fabiano Brito

Historias

Teus lábios cerrados a dizer
Tantas coisas que não falam.
E teus olhos mirando o infinito.
Guarda o teu pensamento
Velhas historias de infância
A memoria do primeiro beijo
E o teu pensamento vai varando o tempo
Voando sobre tudo que é teu.
Bela como uma estrela celeste
Se ergue no tempo de minha memoria
Somos pedaços da mesma historia
Embrulhados pelo tempo
Como um botão que se guarda
Se abre no desembrulhar das horas
Ao encanto dos meus olhos
O mesmo encanto que outrora foi.
Somos frutos maturados
Seguimos caminhos opostos
Mas no vão do tempo
Uma nova fresta
Semeia tua luz
Nas conchas ultramarinas de minhas mãos.
Fabiano Brito

Rancho

Em uma foto/show de Dedé Nunes
Era uma casinha de barro tirado do chão
Como se a terra tivesse se levantado formando paredes do mesmo torrão
No meio do nada, era tudo que precisava minha felicidade.
Quando chovia o cheiro do barro nas paredes recendia
Que dentro, mais que fora chovia.
Lá fora os bichos procuravam jeito
Se escondendo da enxurrada.
Dentro de minha memoria
O velho galo carijo
Faz alvorada nas minhas lembranças
Do meu ranchinho de sapé.
Fabiano Brito

Livro dos teus poeminhas - I

Livro dos teus poeminhas - I
Tão leve a vida me leva
É que agora te carrego aqui dentro
E amor é assim tipo balão 
Faz a gente flutuar
Leve como uma pluma no ar.
Fabiano Brito

Livro dos teus poeminhas - II

Livro dos teus poeminhas - II
Fica assim combinado
Que em todos os círculos
De trezentos e sessenta e cinco dias
Que formarem os anos que me restam
Você será
O meu mundo.
Fabiano Brito

Livro dos teus poeminhas - III

Livro dos teus poeminhas - III
Era uma vez eu quando não tinha você
E como tudo era triste sem você
Desenhei um mar 
E no mar um barquinho
E dentro do barquinho
Desenhei eu
Falar a verdade um pouco mais bonitinho,
(Tinha medo que me achasse feio e não fosse me querer)
Barco ao mar enfrentei perigos
(Que são tantos nesse mar da vida)
Tinha piratas, sereias, monstros,
E longas (pensa bem longas de olhos fechados) tempestades
Até que um dia em outra folha de papel
Avistei um sol na Praia do Tempo
(Ah! Quase esqueço: a outra folha foi Deus que desenhou)
E o sol era você!
PS: Escrito por uma criança de 51 anos que te ama.
Fabiano Brito

Poema

Toda poesia escrita é linda
Mas nenhuma se compara
Ao poema que se faz
Quando do encontro do teu corpo com o meu.

Fabiano Brito

Gotas

Vou derramando letras no papel
As vezes caem como lágrimas
Em outras como gotas de suor
E vão abrindo no branco do papel
Uma fenda de luz
De onde brotam poesias.

Fabiano Brito

O Poder

O poder corrompe o homem
Ou homem corrompe o poder?
E assim sem saber se foi o ovo ou a galinha
O poder vai prostituindo
E fudendo com o país
O voto é uma puta barata que garante a eleição
Brasileiros e brasileiras, companheiros e companheiras, minha gente
Muda o bordão na radio nacional
Mas continuam enganando a gente
Tem carnaval, futebol, novela das oito
Para esconder o bacanal que fazem com o dinheiro que nos pertence
Planalto morro do assalto
Yes men nós somos macacos
E o macaco grita: Isso é preconceito
Nos chamar de brazuca!
É chamar nós os símios de otário
E macacos e brazucas quebram o pau nas arquibancadas.

Fabiano Brito

Cova

Tantas palavras ao vento, que se fala
Mas o fazer se cala quando os holofotes se apagam
Só a miséria da massa não para
Tanto filho da puta gozando de nossa cara
Sobra cinismo, falta trabalho, saúde e educação
E nós os excluídos elegemos o patrão
Salve Cezar
Tanto circo, mas cada vez mais falta o pão
Otário é quem ganha salario e morre na fila da condução
E nada muda, tudo passa
No palanque um rato de gravata disfarça
E vai colecionando diplomas de ladrão.
Aperta o verde e confirma
Que se correr o bicho pega, se ficar dá no mesmo
Que o povo nasceu mesmo foi para Daniel na cova dos ladrões.

Fabiano Brito

Rosas Mortas

Ficam esses versos perdidos
Como rosas mortas em um jardim.
Do que fomos
Do amor que brilhava eternidade
No encadear das coisas feitas infinitas.
Morrem todos os versos em agonia
Dessa imorredoura saudade tua.
Fabiano Brito

Sol

No meio do cimento frio da calçada uma pequena flor amarela
De uma fresta estreita de onde brotava
Parecia um pequeno sol a dizer bom dia a quem passava
Indiferente ao cinza que lhe cercava
Pequenina continuava espalhando cor e beleza ao mundo.

Fabiano Brito

Bicho

Sou esse bicho sem nome
Já tomei veneno e pulei de prédio
Que a vida é uma vala, um esgoto a céu aberto
O que salva é a pedra no cachimbo
Que a vida mano é essa coisa escrota
Você estende a mão e cortam tua garganta com uma navalha
É pouca tribo para muito cacique
E tudo que tu faz vem um filho da puta e diz que é proibido
Só votar que é de graça e esta permitido
Se roubou um tostão, prende, bate, que é ladrão
Se leva milhões é mentira, intriga da oposição
Mas muda a situação, agora vai a oposição chegou ao poder!
Deixa de ser otário, o que mudou foi apenas o grupo de ladrões
Salve a pátria, salve o caralho
Pensando o que da gravata
Que o noia aqui é otário?

Fabiano Brito

Bendita Sejas

Bendita sejas amor meu
Pela luz que semeias cotidianamente em minha vida
Por me olhares bem maior do que jamais seria
Pelo teu abraço que é porto quando eu sou tempestade e agonia
Bendita sejas amor meu
Por essa cumplicidade em todas as horas
Por esta paz que me doas nos momentos que sou um campo de guerra
Benditas sejas amor meu
Pelo som dos teus passos uníssonos aos meus
Por tanto e por tudo que ofertas no celeiro antes vazio de minha vida
Bendita sejas amor meu
Por me permitir revelar o que melhor há em mim
Amor meu bendito seja o teu nome pela dadiva do teu amor.

Fabiano Brito

Horas Mortas

Cai o silêncio das horas mortas
Madruga o dia na sombra que antecede a aurora
Do outro lado da terra o sol ainda dorme
No meio do jardim um botão bebe o orvalho para amanhecer rosa plena
Um bêbado corre as ruas vazias na esperança de mais um gole de cachaça Perdido em algum quintal da cidade um galo canta fora de hora
Na parede o relógio vai marcando as horas lentamente
O jornal e o pão se apressam para não perderem a chegada do novo dia
Na torre da velha igreja um sino vai marcando o passo do tempo
E chamando os fiéis para a missa das seis.

Fabiano Brito 

Diário de um Louco - XXIX Devaneio

Diário de um Louco - XXIX Devaneio
O meu verso é peito que sangra
É lagrima que corre na face.Que o meu olhar sonda o mundo
E a boca fala a língua dos inocentes.
Um campo de cruzes semeadas
Antevendo a morte dos que tem fome
Em cada canto em silencio um Cristo aguarda sua morte.
Sobre a terra um legião de fariseus entoam o evangelho das sombras.
No fundo dos porões de Hades uma legião de cavaleiros cantam a guerra.
Sob os meus pés corre o sangue dos impolutos.
Bem longe o sol se perde no meio de uma neblina densa,

Fabiano Brito

Milagres

Flutuavas dentro dos meus sonhos.
Na linha meridiana do meu mundo
Traçavas os caminhos para tua chegada.
E tão leve pousastes em minha vida
Como uma semente que cai na terra fértil
E vai mansamente espalhando raízes.
Há de se dizer: destino, sorte,
Nossas vidas uma na outra,
Mas prefiro acreditar como sendo um pequeno milagre
Desses que se abrem
Para nós mostrar que viver
É colher e desembrulhar presentes
Na senda de nossas existências.
Fabiano Brito

Bem-me-quer

Sempre carreguei em mim
Um coração lavrado a fogo.
No encontro e desencontros dos sentimentos
Lá dentro no peito
Coração era cor de cinza
E pesava chumbo.
Portas fechadas, amores desfeitos
Passos que separavam.
Atravessei longas tempestades,
Chorei minhas chuvas
Escondido no cume da montanha mais alta.
Mas amor é coisa que se guarda
Borboleta no casulo
Que o tempo destila como ao vinho.
Em tuas mãos,
Guardavas a chave que abre o segredo
E ao som de tua voz
Uma pequeno jardim
Se estendeu em canteiros de bem-me-quer.
Fabiano Brito



Colorido

E foi derramando cor em cada canto
No branco da solidão
Desenhou um mundo
Onde cabia nós dois.
Fabiano Brito

Antropofágicos

E na nudez da nossa carne
Meu corpo vai devorando o teu
E sendo devorado.
Antropofágicos
Refazemos o pecado original 
Perdoai senhor o nosso gozo!
Fabiano Brito
Fui apagando cada letra
E teu nome virou na pagina do meu peito um pequeno borrão
Mas hoje, bem sei,
Que a borracha do tempo
Não apaga saudade.

Fabiano Brito