sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Livro de Nossa Historia - II Do Encontro Primeiro

O Livro de Nossa Historia - II Do Encontro Primeiro

Agora que meus olhos te colhem 
Que meus braços em volta do teu corpo fazem laço
Somos uno nesse instante de um abraço.
Todas as distancias se perdem
Nos caminhos que nos trouxeram a este instante,
Minha mão na tua, firma um elo
Que nos prende, que nos une
Nos compromissa
Somos nossas escolhas mutuas
No desejo reciproco desse instante.
Que o encanto se perpetue
Abrace paixão, amadureça amor
E que sendo amor
Permaneça encanto,
Sob o lume da paixão.

Fabiano Brito


O Livro de Nossa Historia - Do nosso encontro

O Livro de Nossa Historia - Do nosso encontro 

Tua chegada é como um sol
Que se abre na imensidão de minha vida
E toma forma, se alastra
Vai ocupando os espaços
Os vazios e os abraços
E faz morada no meu pensamento
Se acomoda no meu peito.
Como um rio
Vai formando um leito
Trançado caminhos
Vencendo obstáculos,
Será mar....
Será amar
Que o amor é construção
Lida cotidiana 


É vencer diferenças
Encontrar-se
Descobrir-se
Completar-se...
Que sejamos em essa plenitude
Na morada de um tempo
Chamado infinito.

Fabiano Brito

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Folha

Uma folha paira suave no vento
Flutua em círculos
E se vai para o longe
O outono cai amarelando a paisagem
A natureza recolhe flores, sementes e se guarda
Um tempo de espera
Para se abrir em primavera
Meu coração é esse outono que guarda uma espera
Da primavera de tua chegada

Fabiano Brito

Encontro

E dentro de mim
Ao som do teu nome
Uma fenda de luz se abre
Deixando transparecer um caminho de encanto
Onde caminham sonhos, desejos e querer
Que sejas, que sejamos
Partes de uma mesma caminhada.
E pouco à pouco
Como se talhando na madeira
Dentro de mim tua imagem foi tomando forma
E da semente de tua chegada
Rasgada a casca
Um pequeno broto germina
E se nutre dessa magica indecifrável
Que nos permeia.
E penso a chegada de um tempo
Onde seremos arvores fecundas
De mesma raiz, que bebe da mesma seiva.
Plenos na lucidez de um encontro.

Fabiano Brito


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Brilho

Esse brilho no olho
Um muralhar de riso no rosto
O retrato de felicidade que vejo no espelho 
Juntando a isso essa pequena taquicardia
Quando penso em você...
Virose?
Pior (melhor) é paixão
E pelo jeito do tipo cronica
Dessas que se cuidar bem
Termina em amor
E que sendo amor
Nunca seja adeus
Nunca seja dor
Que possa ser sempre
Essa mistura
Infinito, paixão, amor

Fabiano Brito


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Uma Canção de amor - Infinito.

Uma Canção de amor - Infinito.

Ah! Amor meu
Pudesse eu te dizer
Dessa estranha solidão
Que de outras não se vale
Mas que só de ti tem fome.
Tua ausência é um mundo
É tudo que me falta
Taça vazia sobre a mesa
Ausência do pão que me nutre
Um rio que corre lento
Por saber que não existe mar.
Ah! Amor meu
Se ouvisses essa canção triste
Que invade os meus ouvidos
Que cala todos os outros sons a minha volta
E faz em minha vida
O silencio absoluto de todas as coisas.
Uma canção que se esvaia ao vento
E chama teu nome
Que fala que conta de nós
E escreve o que fomos
Junto de estrelas raras
No celeiro iluminado do firmamento.
Ah! Amor meu
Pudesses vê que sangro
Nessa morte lenta
Que é perde-te a cada dia mais
Onde o compasso do tempo
Leva-te a essa distancia
Que minhas preces não podes ouvir
Que não vês, que não sentes, que não presentes
Que aqui em mim
Guardo-te fechada
Em um cofre das coisas infinitas
Na sela das coisas imorredouras
Ah! Amor meu
Pudesses tocar em verdade
Tudo isso que digo
E nunca mais partir.



Fabiano Brito 

Milagres

Diário de Um Louco - XX Devaneio 

E no meio dos estilhaços 
Dessa guerra que nos consome
Feridos de guerra,
Levantamos o corpo, bandeira em punho
Avançamos, continuamos a luta.
Ainda que tanto nos falte
Sobra esperança
Resta sonhos
Mudanças a fazer, malas para transportar.
Finitos somos infinitos
Uma eterna construção
Mudamos, transformamos, alteramos
Mutáveis,
Nos metamorfoseamos
Somos frio e calor
Tempestade e calmaria
Riso aberto, lágrima sentida
Via de duas mãos
Planejamos, elaboramos, desenhamos
E a vida muda planos
Apresenta nova forma
Apaga o escrito, traças outras linhas.
Morrem todos os dias ilusões aos nossos pés
Ganhamos prêmios inesperados
Que a vida é mesmo essa caixa de surpresas
Que se abre em meio ao nascer de cada dia
Um milagre, cheio de pequenos milagres
Que faz brotar uma flor no meio do asfalto
Um fruto na ponta do galho
Que a vida é um Deus
Espalhando pequenas estrelas no céu de nosso cotidiano.

Fabiano Brito

Lirio

Um lírio
Pequenos olhos que lembram oceanos
A tua pele branca
Flor de laranjeira
Que o meu desejo sonha. 
Teu nome esse segredo
Que minha boca guarda
E no enleio dos meus pensamentos
Povoas os meus instantes
Na perplexidade desse encanto
Sonha meu corpo no teu abraço
Minha boca no teu beijo.
E dessa contemplação
Te enraízas mais e mais a cada instaste
Dentro desse deserto que me cerca
E a terra árida do vazio
Completa-se, jardim em primavera,
E te sinto, aqui, tão perto
Mãos dadas caminho ao teu lado
Dentro do imaginário desse encanto
Como se antevendo tua vinda
Mostrasse os caminhos
Para que te faças chegada.


Fabiano Brito

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Iluminação

Um corpo noutro corpo 
Forma um mundo
Nas formas que formam
Sombras sobrepostas 
Se estende um oceano
Uma planície aberta
No centro de todas as nossas taras
Pernas, braços, seios, bocas, membro, vulva
Tudo que resta faz silêncio
Esquecido em um canto do invisível
O olho no olho, globos que se encontram
Mundos que se fundem
Que fodem
Na linha meridiana do desejo
Um é do outro o pão, que mata a fome
A água que mata a sede.
E o corpo macho
Cavalo alado, voando intrépido
Avança, recua,
Fende
Desbravando a fenda, sagrada, secreta
E o corpo fêmea
As pernas abre,
Antes santa, agora devassa
Antes pudica, agora puta de um só
Corpos,
Macho e fêmea
No instante que o verbo se fez carne
Uma iluminação, uma purificação,
Puros de todas as maldades
Partem para o banho, santificados
Na espera de um novo instante de iluminação.

Fabiano Brito


Diário de Um Louco - XVIII Devaneio Morte

Diário de Um Louco - XVIII Devaneio 

Não nascemos, morremos sempre
Gerados no ventre 
Somos entregues a nossa morte.
Morremos segundos, minutos, horas, dias
E no conjunto dos dias
Perecemos anos, um atrás do outro
Sempre será menos um dia
A vida é a apenas uma tela branca
Onde pintamos a nossa morte
Apenas pele, carne e ossos
Matéria em um ciclo de decomposição
Criamos uma fé, alimentamos esperanças
Não ousamos nos declarar deuses
Mas partilhamos dentro de nossa vaidade
O lugar de filhos de um poder superior
Abençoados, ungidos, escolhidos
E pintamos asas em nossas costas
"Seremos anjos, alcançares a iluminação"
Santificados.... logo nós que crucifixamos
Que imolamos o cordeiro santo
Que derramamos sangue no altar dos inocentes
Que queimamos nas fogueiras do orgulho e da arrogância
Que negamos por covardia a cruz
Que plantamos a coroa de espinho
Morremos de nossas fraquezas
Impuros, imperfeitos,
Que atira a primeira pedra, apedreja
Pragueja, amaldiçoa, condena.
Morremos dessas pequenas mortes
Que são negação de vida
Morremos e nem sabemos
A cada átimo de tempo.

Fabiano Brito


Diário de Um Louco - XVII Devaneio Tempestade

Uma tempestade se aproxima
O vento forte varre o chão
Tudo se cobre da poeira das ruas.
Nuvens escuras cobrem o céu
Me encolho em um canto 
Sob o teto cinza que cobre a imensidão 
Os meus medos caminham na sala
Batem na lamina de um espelho
E refletem uma luz pálida.
Poderia ter sido mais
Vencido mais batalhas
Meus medos me acovardaram
Faltou coragem para quebrar amarras
Humildade para me por de joelhos
Não abracei o corpo de luz da liberdade
Submisso não carcomi as correntes em meus pulsos.
Acomodei sob uma doutrina padrão
Certo e errado
Nem sempre o certo universal
Era o meu sal de vida
Que errado fosse, mas era o meu certo
Vacilei, exitei, tremi,
Faltou ousadia, mais cara de escarnio
Podia ter sido mais... não fui
Agora quero intensidade
A intensidade que o ocaso deita sobre o mundo
Chega de café pequeno,
Quero café na cama com tudo que se serve
Viver cada dia como quem vai como convidado de honra
Ao mais fino banquete.
Quero igualdade, se envio quero igual de volta
Se recebo, devolvo na mesma intensidade.
Que o que me resta
Sobeje as tantas faltas
Que quando eu não seja mais
Parta tendo sido o mais que pude.

Fabiano Brito


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Diário de Um Louco - XVI Devaneio Tantos

Diário de Um Louco - XV Devaneio 

Tenho dentro de mim 
Muitos outros guardados
Sou a soma de muitos
Silabas que formam uma só palavra
Palavras que formam uma frase
Indivisível, agrupo os pequenos fragmentos
Como um grande quebra-cabeça
E por ser tantos
Sou ódio e amor
Guerra e paz
Tempestade e bonança
Medo e coragem
Antagônico, vivo a agonia
Desses desencontros dentro de mim mesmo
Quem sou verdadeiramente?
Não me decifro, sou um enigma
Capaz de nada, possível que comenta tudo
Essa pluralidade me consome
Um de mim devora o outro
Sou um campo de uma guerra sangrenta
Onde se trava uma batalha pelo poder
Cada parte, clama o seu quinhão
Quer viver o seu instante
Ser absoluto
Um Deus momentâneo, senhor de todas as coisas
Trago dentro de minha loucura,
As loucuras dos muitos que me compõem
Me olho no espelho
E não me reconheço
Sou vário, sou múltiplo, diverso
Uno
Sou tantos.

Fabiano Brito


Diario de Um Louco - XV Devaneio Paixão

Diario de Um Louco - XV Devaneio 

Toda a loucura se encerra 
Na contemplação de uma paixão
Não resta mais lugar para outras loucuras
Paixão é a maior loucura
Loucura é paixão
Paixão é loucura
E quando duas paixões/loucuras se encontram
Gera, primavera, céu azul
Nuvens em forma de coração
Paixão é agonia de todas as loucuras
Se demora... rola pelo chão, arranca os cabelos
Se não liga... o pensamento não desliga
Pensa, repensa,
Faz mil promessas, bota santo de ponta cabeça
Paixão vira cabeça, vira mesa, vira a vida
Não tem sossego, não tem fome, nada é bom
Mas quando outro chega...
Meus Deus, meu pai,
Que friozinho que dá na barriga
O olho brilha, levanta dois palmos fora do chão
O coração coitado perde o compasso
Taquicardia, dois mil batimentos por segundo
As mãos frias, a fala não sabe o que fala
Paixão é uma loucura....
Mais trocaria em essa paz e lucidez plena
Esse silêncio dentro de mim
Pela cumplicidade de uma paixão
Dessas que florescem
E botam frutos de amor eterno.

Fabiano Brito


Diário de Um Louco - XIV Devaneio A montanha

Diário de Um Louco - XIV Devaneio 

Subi a montanha mais alta
E no cume, sobre a pedra maior
Olhei o leito da planície que se estendia
A vida, minha vida, ali estendida
Um tapete multicolorido
Com diversos tons e formas
Branco, preto, verde, azul, cinza
Quadrados, círculos, triangulações
Paz, agonia, esperanças, conquistas, derrotas
Lados iguais, caminhos que não chegaram, divisões
Encontros, separações
Chegadas e partidas
Idas e vindas
E em um canto um grande relógio marcando o tempo
Tudo tem um tempo guardado para ser
Principio, meio e fim
A hora termina sessenta minutos depois
O minuto vive sessenta segundos de espera
Tempestades sempre se abrirão pelas mãos do sol
A semente eclode, não morre, se abre para a vida
A uva fermenta, não apodrece, se torna vinho
Descobri de minha contemplação
Que a vida se resume em espera e compreensão
O casulo é a espera
A mudança da lagarta é a compreensão
O que passamos é algo escrito no livro do nosso tempo
As transformações que se processam em nossas vidas
É a vida sendo vivida
É a lavoura da nossa existência em crescimento
Preparar a terra, semear, cultivar, florar, frutificar
Nos cabe então, nessa feitura cotidiana
Na labuta das nossas horas
Trabalhar o campo de nossas vidas
Semeando os nossos sonhos no campo dos dias
Sermos férteis em nossa fé
Sermos espera
Sermos compreensão
E ousar pela coragem
Rasgar as paredes de cada dia que nasce.

Fabiano Brito



Diário de um Louco - XIII Devaneio

Olhou em volta procurando matéria prima para a poesia
Juntou galhos e folhas secas
Amontou em um canto 
Derramou sobre o amontoado suas lembranças
Faria uma fogueira
Uma grande fogueira a céu aberto
Queimaria suas lembranças
Restos guardados no seu passado
Saudades que teimavam em ficar
Pedaços de amores esquecidos pelos cantos do peito
E desses coisas e mais o fogo
Cremaria as caixas secretas de suas memorias.
E da pira sobre o chão aos seus pés
Um cogumelo de fumaça negra subiria aos céus
Ao toque do manto azul
Fumaça seria nuvem, muitas nuvens
Brancas, formariam bichos, desenhos no papel anil
E depois cansadas
Suadas, suor escorrendo sobre a terra
Choveriam
E do chão cor de palha
Brotaria
Um azul, um amarelo, um rosa, um lilás
Uma grande jardim
Borboletas com asas grandes
Pequenos gnomos correndo entre os canteiros
Fadas espalhando pó de brilho de estrelas
E um poeta (acho que é louco)
Espalhando poesia no mundo inteiro.

Fabiano Brito

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Marcas

Sinto falta do teu cheiro
Do gosto de tua carne em minha boca
Daquela cumplicidade de nossos corpos
Simétricos no enlace 
No ritmo do gozo.
Sinto falta do som de tua voz
Palavras profanas
Orações devassas
O gemido, o grito
Do silêncio que se seguia
O suor,
A contemplação,
Teu corpo nu
Na moldura da cama.
No meu corpo as tuas marcas
Dentes, unhas...
Tão profundas,
Marcas, marcas tuas
Que o tempo não apaga.

Fabiano Brito


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Coca Cola

Se você não ouviu quando chamei
Agora é tarde, esqueci teu nome
Apaguei nossas lembranças da memoria
Rasquei (confesso que chorei)
O livro da nossa historia.
E o amor, matei, assassinei
Afogado em um copo gelado de coca cola,
O que foi, o que passou
Tô nem mais dando bola
Se não deu,
Se viramos a mesa,
Se batemos a porta
Não serei eu
O lado da moeda
Que se fodeu.
Pois amor não é esmola
Resto que sobra
Amor é vontade que mora no peito
Que se entrega, que na entrega
Se esfrega feito sabão um no outro.
Que amor não é espinho
É a rosa na ponta do galho
Amor não dói, não tira o juízo, não complica
Amor se há....
É tudo que basta,
Mas eu e você...
Não bastou.
Garçom coca cola por favor
Bem gelada
Para esfriar aqui um amor.



Fabiano Brito




domingo, 9 de fevereiro de 2014

Passo a Passo

Ainda que partas a cada instante 
Que sobeje entre nós essa distancia.
Permaneces vividamente, ainda tão minha
Povoando cada gesto, cada pensamento
Que tua presença, mesmo sem o tato
É palpável, sentida, inseparável
Caminhas ainda aqui lado a lado
Passo a passo
Dentro da cadência de todas as horas
No nascer e morrer de cada dia
E dentro dos meus sonhos
Permaneces
Sem nunca partir.

Fabiano Brito

Ébano

Duas noites,
Uma aberta no mundo lá fora
Outra, o teu corpo,
Presa nos meus braços.
Na negritude de tua pele
Caminho um continente inteiro
Minha origens,
O meu desejo atravessa um oceano
Dos cativos o celeiro
Escravo me lanço
Na liberdade desta sela
Que se abre entre tuas pernas
Eva negra,
Minhas mãos te tocam
Teclas de ébano
E beijo tua boca
Cofre de presas de marfim.
Na celebração no nosso gozo
Duas noites,
Uma aberta no mundo lá fora
Que amanhece
E outra que adormeceu
Em meus braços
Que o meu coração não esquece.

Fabiano Brito

Saudade

E eu que pensava que o mundo era tão grande
Bem sei agora que é apenas do tamanho do espaço
Que meu olhar alcança
Te procurando pelos cantos
O tamanho do mundo
É essa pequena vaga aberta ao meu lado
Quem tem a tua medida certa
Fora isso o que passa, o que sobra
É apenas essa rua deserta
Esse silencio onde caminho
Grande não é mundo
Mas essa saudade tua aqui dentro de mim.

Fabiano Brito

Templo

Aprendi que devo ser mais do que um simples corpo
Foi preciso tocar as pessoas com o tato da alma
Olhá-las com os olhos do coração.
Que o verdadeiro amor 
Esta além das percepções dos nossos sentidos
É algo que se revela dentro de um templo
Bem dentro de nós.
Que foge a compreensão de nossa razão
Apenas sentimos
Não importa o calendário, distancias
Sempre um relógio marcara a espera
Sempre passos venceram as distancias
Não importa
Porque o amor não se importa
As vezes briga, xinga, fala até palavrão
Mas mesmo quando sai e bate a porta
Por ser amor, não devolve a copia da chave
Pois o corpo foi, a razão brigou, trocou insultos
Mas lá dentro de nós, guardado no templo
O que ama continua dizendo "eu te amo"
Volto já quando essa raiva do corpo passar.

Fabiano Brito

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Epitáfio

Deixo este olhar perdido 
Este resto de amor no peito
Guardado em segredo.
No epitáfio sob a lousa tumular
Sobre os restos mortais de nossas vidas juntos
Pouso essa rosa vermelha
Que é amor
Coração, paixão, querer
Que dentro de mim não perece
É vida eterna
Linha meridiana
Que liga ao infinito de todas as galaxias.


Fabiano Brito

Precisar

Amar é precisar
Um precisa de tudo que o outro representa
Da forma como se mostra
A maneira como se entrega
Quando a oferta nos completa
Não existe mais como não precisar do outro
Pois que tudo começa em uma busca
E a cada encontro
Buscamos encontrar as nossas referencias um no outro
Até que se dá o instante
Que olhamos para alguém
E proferimos a chave, eu preciso de você
E uníssono o eco do som de outra voz
Responde, também preciso de você

Fabiano Brito

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Bem-ti-vis

Para uma foto que foi postada no face por Ney Douglas Marques:

O amor Natural 

Impregnamos tudo a nossa volta com valores e conceitos
O que esta na moda, como é certo agir
Quais as formas do corpo, modo de falar
E nesse modismo de todas as coisas
Contaminamos até mesmo a forma de sentir.
O amor foi colocado em embalagens
Formatado dentro de formas e formulas
Que se diz para dá tudo certo
Mais de certo mesmo é que as relações
E o amor que as reveste é produto descartável
Passamos a ser recicláveis não deu certo deixa
Outro vai lá e aproveita
E a circulação dos amantes recicláveis
Algo continuo.
Não sofremos mais de amor
Não sofremos mais por amor
Se a comida esta sem sal
Melhor trocar a mulher, outra que bote sal
E pelas simples faltas de sal nesse ou naquele lugar
É hora de trocar, voltar para o monte de reciclagem.
Era tudo, até para mim, super normal (mesmo antiguado como sou)
Até que um casal de Bem-ti-vis cruzou o meu caminho
Na beira da estrada dois pequenos montes de penas
Um, o macho, morto por atropelamento
Ao lado a fêmea, num canto de dor
Mais que canto, falava uma linda canção de amor
Não do amor reciclável, super moderno
Mais do amor em estado natural
Amor natural do tipo que só a morte separa...
Quero um amor assim, desses que só a morte separa
Amor de Bem-ti-vi

Fabiano Brito

Disfarce

É como se uma navalha cortasse toda minha carne
Todas as sombras circulassem em minha volta.
Escuridão, dor, desespero
Um legado que me confiastes 
Eu que sempre vi em ti luz
Colho esse breu negro de tuas mãos.
Eu que sempre vi em ti sorriso
Colho essa tristeza absoluta que legas.
O que dói é saber que sempre fui verdade
E saber-me que de ti fui essa mentira
Um negação total do que é amor.
O que machuca é essa disfarçastes
Entre olhar como quem ama
E saber desse frio que engana.
Crucificado, pelos pregos transfixados
De tuas mentiras cotidianas.

Fabiano Brito

Negação

O que já foi amor
Agora é taça de cristal barato
Despedaçada ao chão
Cacos, estilhaços, que cortam nossa carne
O que já foi amor
Agora é esse silêncio absoluto
A negação plena de qualquer razão para tentar uma retomada
O que era amor se perdeu na imensidão de um mar frio
Que quebra mares nas plagas do esquecimento
Dentro meu coração já não bate o som do teu nome
Passamos cada um para o seu lado do globo
Sem linhas ou meridianos que nos ligue
Passamos e o que era amor
Agora é passado perdido no deserto do esquecimento
Dentro de nossas memorias

Fabiano Brito

Família

O amor é um corpo
Sente fome, sente sede
Come respeito, presença, atenção
Bebe beijo, carinho, sexo bom
Tudo balanceado sempre para mais
E um pouco mais ainda
E não engorda?
A casos que sim
Mas desse peso a mais
Nove meses depois
Nascem filhos lindos
Nascem famílias
E quando isso acontece


O amor pode comer a vontade, para o resto da vida.

Fabiano Brito

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Lágrima

No poema faltava luz
E era feito um vento frio
De um inverno sem a brancura da neve
Letras negras sombreavam o papel
Na havia em nenhum verso
O prenuncio de uma primavera
E quando falava sol
Brotava um amarelo pálido que envelhecia a folha
E na mancha escura do que era pensando um poema
Tentou o poeta fazer um amontoado de estrelas
E quem sabe, uma pequena lua
Mas a mão não escrevia essas coisas
Faltava beleza para construir as palavras
O poeta pensou amor
E a mão escrevia dor
E veio no papel uma lagrima
Não escrita
Mas caida do olho poeta


Fabiano Brito

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ressaca



Amor não morre sozinho
O amor é assassinado
Pela frieza dos que mentem dentro da relação
Por ser dividido, trocado, emprestado
Desvalorizado,
Porque diga-se de passagem
Amor é um sentimento unilateral
Só tem um lado.
Uma vez maculado a sua pureza
Vira eterna incerteza.
Quem ama não trai, não engana
Porque amor é o que nos completa
E nós faz transbordar.
E por ser completo
Não precisa se valer de outras partes
Não precisa de ser completado
Remendado, adicionado, somado
A mais ninguém ou a mais nada.
A conta do amor é um mais um
Igual a dois
Noves fora nada.
Amor é bicho frágil, cristal fino
Que se quebrado dentro de nós
Corta como navalha
E nós faz sangrar e morrer uma morte lenta
Porque se o outro foi capaz de maculá-lo
O verdadeiro amor que esta dentro de nós
Fica noites acordado, sem comer direito
Sem entender os "porquês" foi, se nunca deveria ter sido
Mas se foi é porque o amor se foi também
Ou na verdade nunca passou de um amor do Paraguai
E é por isso que quando acaba
Deixa essa ressaca filha da puta na gente.

Fabiano Brito

O Livro de Mary - VIII Canto

O Livro de Mary – VIII Canto


 Dos teus braços


Teus braços
Quando fazem laço no meu corpo
Não prendem, libertam
No circulo do teu abraço
Não corro mais riscos
Estou guardado de todos os perigos da vida
 
Solidão, medo, saudade
Perdem-se nessa quietude do laço, abraço, ninho teu
E nessa paz que me ofertas
Contemplo a vida pela janela dos teus olhos.




 Fabiano Brito