sábado, 25 de outubro de 2014

Carne

Cortava minha carne com os dentes Rasgava minha pele com as garras Pecado, desejo, loucura Apenas carne Corpo ... Tara As roupas jogadas Como as promessas de nunca mais Mas sempre tinha mais Corpo Carne Tara Desejo Mas enfim Partiram de corpo Carne Tara E alma. Fabiano Brito

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tempestades

É que a vida as vezes dói
Quebra cada osso do nosso corpo
Fica impossível respirar.
Dentro a alma perde o sossego
Fora o olho chora
Os passos em descompasso,
E seguimos em meio a tempestade
É que a vida as vezes dói,
Como dói agora.
Fabiano Brito

Lembranças

Lá fora a vida segue,
E vai levando nossas lembranças,
Apagando a nossa historia.
Como uma folha outonal
Flutua no ar pequenos restos
E gestos,
Que minha memoria teima,
Guardar em segredo.
E vai ficando em mim esse medo
Que partas enfim de mim
Para a morada das coisas inatingíveis
No campo das coisas abstratas
Onde apenas os nossos sonhos podem chegar.
Fabiano Brito

Pede

Pede,
Pede para eu te esquecer
Quem sabe assim,
Mato as lembranças todas
O gosto do teu beijo,
O calor do teu abraço,
A gente fazendo amor...
Pede para esquecer
Para não olhar para trás,
Fala que é melhor assim
Eu sem você, você sem mim
Que nossa estrada chegou ao fim.
Pede para esquecer,
Olha nos meus olhos
E diz que essa saudade um dia passa,
Que quando menos esperar, nem vou mais lembrar.
Pede,
Para esquecer de te lembrar.
Fabiano Brito

Rosa

Na ponta de um galho, no meio do meu jardim
Uma rosa espera ser colhida
Nas conchas de tuas mãos.
Como tantas que te dei,
Sonha 
Também ser dadiva
Do amor que ainda guardo.
Fabiano Brito

O que dói

O que dói não é o tapa
Mas saber a mão de quem o desfere
O que fere não é a lamina do punhal que corta
Mas saber a mão que o empunha
O que condena não é a maldição dita
É saber a boca que a profere
O que machuca não é a espada cortando o pescoço
É saber quem declarou a guerra
O que causa a dor não é o ódio
E saber que dentro de mim
Sempre foi amor.
Fabiano Brito

Hecate

A mão que segura a navalha em meu pescoço
Aguarda o momento exato
O instante preciso,
Para deslizar a lamina.
Diante dos meus olhos 
Uma senda de sombra se abre
E vai engolindo toda a luz a minha volta.
O meu sangue pulsa veloz nas coronárias,
Em pouco tempo o vaticínio de Hecate
"Morrerás sob a lamina fria,
Sobre a mesa dos sacrifícios
Teu corpo estendido,
O teu sangue encherá a maldita taça".
Fabiano Brito

Tem momentos que nossos olhos só vêem cinza
E nossas mãos só tocam essa fuligem escura.
Perdemos a visão azul do firmamento
Na abobada celeste apenas um breu
Que se abre em um leque infinito.
Pequenas mortes dentro de nossas vidas
O sonho que se perde
A esperança que se esvai
As verdades que nos negam.
E vamos tempo a fora
Entre tempestades e bonanças
Entre o amargo e o doce.
Até que partimos, sendo o que sempre fomos
Pó.
Fabiano Brito

Lua

A lua varando o céu
Em algum lugar há de te encontrar
Pudesse ela te dizer
Dessa saudade que sinto de você
Que feito lua no firmamento
Vai varando o meu peito.
Fabiano Brito

Diário de um louco - XXXII Devaneio

Diário de um louco - XXXII Devaneio
Olho da janela o mundo lá fora
No céu uma lua branca me olha fixamente.
Dentro de mim o negrume do firmamento 
Vai tomando forma.
Quem me dera a luz, a prata, desse luar
Que a minha volta careço claridade.
A maldade me ronda
Mata minhas verdades,
Destrói o jardim a minha volta.
Silencio: Todo eu sou dor
Uma tristeza atravessa o meu quarto.
Um cinzeiro cheio
Vai espalhando cinzas no ar.
O que machuca não é a navalha em minha carne
O que me torna fraco não é o sangue que derramo
É saber que é a tua mão
Que imprime força
Que arrasta a lamina
Que corta a minha carne
Que derrama o meu sangue.
Guardem segredo, não contem
Mas lá no alto, no fim de todas as galáxias
Dentro de uma pequena estrela brilhante
Esta guardado um tempo
Quando toda a maldade de agora
Ainda era toda amor.
Fabiano Brito

Travessia

Guardei esse poema desde tempos passados
Como um fruto foi flor
Como borboleta foi casulo
Como mar foi rio
Atravessou os dias de minha vida
E eu maduro agora
E maturado o fruto poema
E mar o rio poema
E borboleta o poema casulo
Entrego nas conchas de tuas mãos
Esse poema que é feito de todo amor que guardei.
Fabiano Brito

Parto e nem sei porque

Parto assim sem saber porque
Se te levo aqui dentro
Se continuas aqui junto a mim.
Parto e nem sei porque
Talvez eu tenha ficado
Meio pedra, meio gelo
Talvez eu tenha perdido o jeito de ser feliz.
Parto e nem sei porque
Se mais seguro é o teu porto
Abraçar o teu corpo,
Nem sei porque insisto em voltar ao mar
Parto e nem sei porque
Se lá fora cai uma tempestade
E aqui teu peito é abrigo
Nem sei porque teimo em partir
Se você é fogo que aquece
Se teu corpo é o pão do meu gozo
Parto e nem sei porque...
Fabiano Brito

Desanimo

Quando lá fora a primavera se estender nos campos
Talvez meus olhos cansados
Pelo cinza deste inverno frio
Encontrem uma senda de luz.
Que dentro de mim tudo é tempestade
E o chumbo dos dias pesam sobre os meus ombros.
Na parede a vida vai passando em um relógio que come as horas.
Que dentro de mim tudo é agonia e medo
Desse novo tempo que se abre a minha frente
Envelheço sem decifrar os enigmas da vida
Sonho menor, planto esperanças pequenas
Que dentro de mim tudo é magoa e dor
E tombo ferido dos golpes que me foram dados
E sangro pelas chagas em minha carne.
Quando lá fora a primavera se espalhar pelos campos
Talvez aqui dentro meu coração encontre paz.
Fabiano Brito

Cansaço

As vezes até viver cansa
E morremos no sono
Onde vivemos uma dimensão antes insondável
Cheia de sonhos e longe de todos os pesos cotidianos
Pairamos leves, serenos
Dentro desse pequeno cosmo
Estamos livres do peso do nosso corpo
Planamos como anjos
Tocando estrelas e voamos sobre as montanhas mais altas
Livres sem as correntes das coisas materiais,
Puros, nus, salvos, santificados
Somos os impolutos
Imagem e semelhança de Deus.
Concedei-nos Senhor
O mundo imaterial dos sonhos
E livrai-nos dos males da vida.
Fabiano Brito

Olhares

Que faço agora desse teu olhar no meu,
Dessa vontade de você?
Talvez você venha de um planeta distante
Ou sempre esteve aqui bem perto
Esperando o tempo ser de nós dois.
Que faço agora desse teu olhar no meu
Se cada passo meu é vontade de te encontrar.
E teu riso mora na retina do meu olhar?
Que faço agora se todo eu
Sou encanto dos encantos teus?
Fabiano Brito

Vésper

Da janela via o céu com seu canteiro de estrelas
Perdida em alguma lugar no meio do infinito
Mora no firmamento
A pequena vésper que um dia te dei.
E dentro em segredo
Guarda nossa historia.
Fabiano Brito

Culpa

A culpa sempre foi
Desse coração bobo aqui no meu peito
Que se encanta fácil demais
Que se apega depressa
Que se entrega sem medida
E no compasso do tempo
Vai perdendo o passo
Batendo em descompasso.
Fabiano Brito

Contrários

Talvez eu vá me arrepender amargamente depois,
Amanhã quando a tempestade passar
Sei que você vai ter partido
E que de nada vai adiantar chamar teu nome.
Parto, separo, divido.
Linha do Equador
Norte e Sul
Os ponteiros do relógio
Vão empurrando o tempo
Caminhos opostos
Você é Leste
Eu sou Oeste
É quase certo que depois vou me pegar
Perguntando "Porque?"
Se estava tudo certo
Com você aqui perto
Talvez seja porque nunca fui esperto
Talvez porque eu ame solidão de um deserto.
Verdade é que nem sei dizer
Onde vou ou o que pretendo fazer
Verdade
É que vou me arrepender amargamente depois.
Fabiano Brito

Enigma

Talvez o segredo de toda minha vida
É que eu nunca tenha encontrado a mim mesmo.
Talvez todo esse tempo dos meus anos
Eu tenha ficado a margem de mim.
Não achei a chave que me abre para o mundo
Muito menos desvendei o segredo de minha felicidade.
Sempre fui estranho comigo mesmo
Sempre me achei, diante do espelho
Algo inacabado,
Há quem sempre faltam partes.
Um quebra-cabeças que perdeu peças
E não consegue se montar inteiramente.
Quando tudo parece paz,
Tenho a incrível capacidade de fazer tormentas,
Revirar a vida, trocar o disco,
Mesmo quando os alicerces estavam fincados
E a musica que tocava era perfeita.
Nunca encontrei as medidas certas de minha receita,
Ou paro antes do tempo certo,
Ou passo do ponto.
Sempre me faltou a linha meridiana
O fiel da balança.
Tantas vezes abandonei portos seguros
Por um mar em tempestade,
Em outras toquei o fogo, mesmo sabendo que queima.
Sou um enigma, que nem eu mesmo decifro.
Fabiano Brito

sábado, 10 de maio de 2014

Plenitude

Dos pedaços que fui perdendo
Na esteira do tempo
A ausência de tua mão na minha
O som de tua voz
O teu olhar namorando o meu...
E todo o conjunto que forma a tua ausência
É o que me falta
Para que me sinta completo,
E veja a vida
Com olhos de plenitude.

Fabiano Brito

Pisces

Sob a força do zodíaco
Pisces, fui posto a prova
Antagônico
Luto dentro dos meu contrários
No incansável movimento das mares. 
Água como elemento 
As vezes sou rio que avança
Em outras a paz de um lago que espera.
No ascendente de leão
Passo da calma na alma,
Ao rugir de fera no picadeiro.
Inventivo, detesto rotina
Amo a noite, jardim florido, cheiro de livro
Metade santo, metade devasso
Intenso, não vivo de metades ou pedaços.
Que a vida é plenitude. e inteireza.

Fabiano Brito

Campo

Mora meu olhar na nudez do teu corpo
Campo de trigo plantado sobre o leito
Dessa brancura que é nuvem
Espuma do mar
Esculpido no tempo dos teus dias
Pelos riscos de tuas rugas
És tão mais bela assim
Na madureza de uma mulher plena.
Viso, estrela de brilho raro
O melhor de ti me ofertas
Na colheita de tuas experiencias
Garimpas o algo melhor
E trazes,
E me ofertas
No enleio de nossas carnes.
Fabiano Brito

Folhas Mortas

Houve um tempo que eu dizia teu nome
Como quem pronuncia vida
Como quem fala da beleza de tudo que existe
Como quem declama uma poesia
Mortas horas perdidas nas gavetas da memoria
Lá fora a chuva cai lavando as ruas
Levando das calçadas as folhas mortas
Da janela observo um pequeno rio que se formou junto ao meio fio
Onde passam pequenos barcos imaginários de minha infância
Tudo passa levado pela enxurrada
Só essa saudade é que fica agarrada ao meu peito
De um tempo que havia  você.

Fabiano Brito

Rotação

Lá fora a vida continua o seu itinerário
O mundo vai dando voltas e nas voltas que dá
Vai levando o presente para o passado
E transformando o futuro em presente
Não estamos inertes
Seguimos na esteira do tempo
Juntamos dias que se transformam em anos e rugas no rosto
Contamos o tempo em calendários pendurados na parede
Somos uma sequencia de pequenas cronicas cotidianas
Lagrimas, sorrisos, tristezas, alegrias, vitorias e derrotas
Somamos lições, aprendemos segredos
Guardamos lembranças, sentimos saudades
E a agulha do tempo vai puxando a linha de nossas vidas
Mas que a vida, entre todas
É a maior invenção de Deus.

Fabiano Brito

Elementos

Teu toque é água
Me faz puro
Teu toque é terra
Me oferta um chão
Teu toque é ar 
Me faz flutuar
Teu toque é fogo
Me aquece
água, terra, ar e fogo
Teu toque é Deus
Celebrando a minha criação.
Fabiano Brito

A Rosa Negra Halfeti - Turquia

A Rosa Negra Halfeti - Turquia
Cada pétala tua
Um beijo na negra noite
Não a dos céus
Mas aquela que nós, os homens,
Plantamos sobre a terra.
Tua cor é a dor
Que se espalha
Dos que morrem
Pela fome
Pelas guerras
Pela ganancia
Eclodes da terra como um monumento
Em luto por nós
Homens sobre a terra.
Que sobre ti
Rosa Halfeti
Negra como as penas de um corvo
Recaia o nosso olhar humano
Em contemplação,
Em oração
Em meditação
Que o teu sinal
É a vida que manda
É a terra se abrindo em luto
Pelos males
Pelas dores
Pelo sangue dos inocentes
Que se derrama
Que se perde
Oh! Rosa Negra Halfeti
Tende piedade de nós.
Fabiano Brito

Borboletear

Quando a flecha do teu olhar cai no meu
Jardins
Borboletas em volta da cabeça
Flutuo
Crio asas
Estar contigo é viajar
Voar
Parado no mesmo lugar.
Que tens o dom
De conjugar
O verbo
Borboletear
Que conjugues
Em todos os tempos
Que o passado
Seja presente
Que o presente
Seja futuro
Que o futuro
Seja presente e depois passado
Que o desencadear dos tempos
Traga sempre
Tua pele
Teu cheiro
Teu tato
Teu beijo
Tuas unhas em minha pele
Teu beijo
Teu corpo dentro do meu abraço
Que sejamos sempre
Um laço
Que o infinito não desenlaça.
Fabiano Brito

Contos de Fadas

Era uma vez, no reino de quando se era menino,
Você com olhos de mar
E eu com olhos de me apaixonar
E foi o meu olhar
No mar dos teus nadar
E um conto tem que ter
Uma fio de encanto
O primeiro beijo
Coração com asas de borboleta
Quer voar
Um reino com castelo no ar
Você era princesa
E eu um plebeu
Que aprendiz das coisas da vida
Pensava, que o amor,
Era uma historia de conto de fadas
Que sempre termina
Felizes para sempre.
Fabiano Brito

Historias

Teus lábios cerrados a dizer
Tantas coisas que não falam.
E teus olhos mirando o infinito.
Guarda o teu pensamento
Velhas historias de infância
A memoria do primeiro beijo
E o teu pensamento vai varando o tempo
Voando sobre tudo que é teu.
Bela como uma estrela celeste
Se ergue no tempo de minha memoria
Somos pedaços da mesma historia
Embrulhados pelo tempo
Como um botão que se guarda
Se abre no desembrulhar das horas
Ao encanto dos meus olhos
O mesmo encanto que outrora foi.
Somos frutos maturados
Seguimos caminhos opostos
Mas no vão do tempo
Uma nova fresta
Semeia tua luz
Nas conchas ultramarinas de minhas mãos.
Fabiano Brito

Rancho

Em uma foto/show de Dedé Nunes
Era uma casinha de barro tirado do chão
Como se a terra tivesse se levantado formando paredes do mesmo torrão
No meio do nada, era tudo que precisava minha felicidade.
Quando chovia o cheiro do barro nas paredes recendia
Que dentro, mais que fora chovia.
Lá fora os bichos procuravam jeito
Se escondendo da enxurrada.
Dentro de minha memoria
O velho galo carijo
Faz alvorada nas minhas lembranças
Do meu ranchinho de sapé.
Fabiano Brito

Livro dos teus poeminhas - I

Livro dos teus poeminhas - I
Tão leve a vida me leva
É que agora te carrego aqui dentro
E amor é assim tipo balão 
Faz a gente flutuar
Leve como uma pluma no ar.
Fabiano Brito

Livro dos teus poeminhas - II

Livro dos teus poeminhas - II
Fica assim combinado
Que em todos os círculos
De trezentos e sessenta e cinco dias
Que formarem os anos que me restam
Você será
O meu mundo.
Fabiano Brito

Livro dos teus poeminhas - III

Livro dos teus poeminhas - III
Era uma vez eu quando não tinha você
E como tudo era triste sem você
Desenhei um mar 
E no mar um barquinho
E dentro do barquinho
Desenhei eu
Falar a verdade um pouco mais bonitinho,
(Tinha medo que me achasse feio e não fosse me querer)
Barco ao mar enfrentei perigos
(Que são tantos nesse mar da vida)
Tinha piratas, sereias, monstros,
E longas (pensa bem longas de olhos fechados) tempestades
Até que um dia em outra folha de papel
Avistei um sol na Praia do Tempo
(Ah! Quase esqueço: a outra folha foi Deus que desenhou)
E o sol era você!
PS: Escrito por uma criança de 51 anos que te ama.
Fabiano Brito

Poema

Toda poesia escrita é linda
Mas nenhuma se compara
Ao poema que se faz
Quando do encontro do teu corpo com o meu.

Fabiano Brito

Gotas

Vou derramando letras no papel
As vezes caem como lágrimas
Em outras como gotas de suor
E vão abrindo no branco do papel
Uma fenda de luz
De onde brotam poesias.

Fabiano Brito

O Poder

O poder corrompe o homem
Ou homem corrompe o poder?
E assim sem saber se foi o ovo ou a galinha
O poder vai prostituindo
E fudendo com o país
O voto é uma puta barata que garante a eleição
Brasileiros e brasileiras, companheiros e companheiras, minha gente
Muda o bordão na radio nacional
Mas continuam enganando a gente
Tem carnaval, futebol, novela das oito
Para esconder o bacanal que fazem com o dinheiro que nos pertence
Planalto morro do assalto
Yes men nós somos macacos
E o macaco grita: Isso é preconceito
Nos chamar de brazuca!
É chamar nós os símios de otário
E macacos e brazucas quebram o pau nas arquibancadas.

Fabiano Brito

Cova

Tantas palavras ao vento, que se fala
Mas o fazer se cala quando os holofotes se apagam
Só a miséria da massa não para
Tanto filho da puta gozando de nossa cara
Sobra cinismo, falta trabalho, saúde e educação
E nós os excluídos elegemos o patrão
Salve Cezar
Tanto circo, mas cada vez mais falta o pão
Otário é quem ganha salario e morre na fila da condução
E nada muda, tudo passa
No palanque um rato de gravata disfarça
E vai colecionando diplomas de ladrão.
Aperta o verde e confirma
Que se correr o bicho pega, se ficar dá no mesmo
Que o povo nasceu mesmo foi para Daniel na cova dos ladrões.

Fabiano Brito

Rosas Mortas

Ficam esses versos perdidos
Como rosas mortas em um jardim.
Do que fomos
Do amor que brilhava eternidade
No encadear das coisas feitas infinitas.
Morrem todos os versos em agonia
Dessa imorredoura saudade tua.
Fabiano Brito

Sol

No meio do cimento frio da calçada uma pequena flor amarela
De uma fresta estreita de onde brotava
Parecia um pequeno sol a dizer bom dia a quem passava
Indiferente ao cinza que lhe cercava
Pequenina continuava espalhando cor e beleza ao mundo.

Fabiano Brito

Bicho

Sou esse bicho sem nome
Já tomei veneno e pulei de prédio
Que a vida é uma vala, um esgoto a céu aberto
O que salva é a pedra no cachimbo
Que a vida mano é essa coisa escrota
Você estende a mão e cortam tua garganta com uma navalha
É pouca tribo para muito cacique
E tudo que tu faz vem um filho da puta e diz que é proibido
Só votar que é de graça e esta permitido
Se roubou um tostão, prende, bate, que é ladrão
Se leva milhões é mentira, intriga da oposição
Mas muda a situação, agora vai a oposição chegou ao poder!
Deixa de ser otário, o que mudou foi apenas o grupo de ladrões
Salve a pátria, salve o caralho
Pensando o que da gravata
Que o noia aqui é otário?

Fabiano Brito

Bendita Sejas

Bendita sejas amor meu
Pela luz que semeias cotidianamente em minha vida
Por me olhares bem maior do que jamais seria
Pelo teu abraço que é porto quando eu sou tempestade e agonia
Bendita sejas amor meu
Por essa cumplicidade em todas as horas
Por esta paz que me doas nos momentos que sou um campo de guerra
Benditas sejas amor meu
Pelo som dos teus passos uníssonos aos meus
Por tanto e por tudo que ofertas no celeiro antes vazio de minha vida
Bendita sejas amor meu
Por me permitir revelar o que melhor há em mim
Amor meu bendito seja o teu nome pela dadiva do teu amor.

Fabiano Brito

Horas Mortas

Cai o silêncio das horas mortas
Madruga o dia na sombra que antecede a aurora
Do outro lado da terra o sol ainda dorme
No meio do jardim um botão bebe o orvalho para amanhecer rosa plena
Um bêbado corre as ruas vazias na esperança de mais um gole de cachaça Perdido em algum quintal da cidade um galo canta fora de hora
Na parede o relógio vai marcando as horas lentamente
O jornal e o pão se apressam para não perderem a chegada do novo dia
Na torre da velha igreja um sino vai marcando o passo do tempo
E chamando os fiéis para a missa das seis.

Fabiano Brito 

Diário de um Louco - XXIX Devaneio

Diário de um Louco - XXIX Devaneio
O meu verso é peito que sangra
É lagrima que corre na face.Que o meu olhar sonda o mundo
E a boca fala a língua dos inocentes.
Um campo de cruzes semeadas
Antevendo a morte dos que tem fome
Em cada canto em silencio um Cristo aguarda sua morte.
Sobre a terra um legião de fariseus entoam o evangelho das sombras.
No fundo dos porões de Hades uma legião de cavaleiros cantam a guerra.
Sob os meus pés corre o sangue dos impolutos.
Bem longe o sol se perde no meio de uma neblina densa,

Fabiano Brito

Milagres

Flutuavas dentro dos meus sonhos.
Na linha meridiana do meu mundo
Traçavas os caminhos para tua chegada.
E tão leve pousastes em minha vida
Como uma semente que cai na terra fértil
E vai mansamente espalhando raízes.
Há de se dizer: destino, sorte,
Nossas vidas uma na outra,
Mas prefiro acreditar como sendo um pequeno milagre
Desses que se abrem
Para nós mostrar que viver
É colher e desembrulhar presentes
Na senda de nossas existências.
Fabiano Brito

Bem-me-quer

Sempre carreguei em mim
Um coração lavrado a fogo.
No encontro e desencontros dos sentimentos
Lá dentro no peito
Coração era cor de cinza
E pesava chumbo.
Portas fechadas, amores desfeitos
Passos que separavam.
Atravessei longas tempestades,
Chorei minhas chuvas
Escondido no cume da montanha mais alta.
Mas amor é coisa que se guarda
Borboleta no casulo
Que o tempo destila como ao vinho.
Em tuas mãos,
Guardavas a chave que abre o segredo
E ao som de tua voz
Uma pequeno jardim
Se estendeu em canteiros de bem-me-quer.
Fabiano Brito



Colorido

E foi derramando cor em cada canto
No branco da solidão
Desenhou um mundo
Onde cabia nós dois.
Fabiano Brito

Antropofágicos

E na nudez da nossa carne
Meu corpo vai devorando o teu
E sendo devorado.
Antropofágicos
Refazemos o pecado original 
Perdoai senhor o nosso gozo!
Fabiano Brito
Fui apagando cada letra
E teu nome virou na pagina do meu peito um pequeno borrão
Mas hoje, bem sei,
Que a borracha do tempo
Não apaga saudade.

Fabiano Brito

quarta-feira, 12 de março de 2014

Transbordo

No cotidiano dessas pequenas saudades
Te trago assim bem perto
E vais preenchendo o meu dia
Matinas como um sol
No bom dia com gosto de café
E segues nos compassos das horas
Caminhando meus passos
Cúmplice dos meus gestos.
E assim vais me completando
Do que me faltava
Transbordo
Pela plenitude do que me ofertas,
Sou tanto
Sou tudo

Fabiano Brito

Agora

E agora que você esta aqui
Não precisa muito mais para ser feliz
Uma casinha de varanda
Um pequeno jardim
Um cachorro preguiçoso
Um roseira em flor
Que o resto de felicidade
Você já me trouxe

Fabiano Brito


Bobo

Que lindo
É esse amor de menino
Que faz castelo de arreia 
Viagens interplanetárias sem sair do chão
Que escolhe estrela para nos proteger
E fala eu te amo
Com cara de bobo

Fabiano Brito

Pelúcia

Tenho esse jeito menino de gostar
Detesto amor cheio de formalidades
Amo como quem toma sorvete 
E se lambuza 
Como quem brinca na arreia da praia
Sem esses dogmas e etiquetas 
Que amar é ser motivo de riso
Um para o outro
É brincar de casinha feliz
E ser feliz de verdade.
Que amor menino
Não engana, não faz cara de feia
Se birra
Termina sempre em beijo.
Amor é esse bichinho de pelúcia
Que apertamos contra o peito
Pensando no outro.

Fabiano Brito


quinta-feira, 6 de março de 2014

Grão de Luz

Quando tudo era um caos
Quarto revirado, cama desarrumada
Paredes cor de cinza
E tudo em desalinho... 
O teu olhar tocou o meu
Bateu em meu ouvido o som de tua voz
E no centro do furacão 
Brotou uma paz inesperada 
Dando quietude a desordem 
Simples como voam as aves
Como nasce o sol
Como brotam as sementes
Tua presença foi semeando luz e paz
Como uma musica que acalma as serpentes
Como mãos que abrem oceanos.
E na fenda que se abre em meio aos teus braços
Morreram todos os meus medos
Perderam-se todos os meus cansaços
Abençoada seja tua chegada
Esse pequeno grande grão de Deus
Iluminando minha existência.

Fabiano Brito

O Livro da Nossa Historia - Da primeira viagem no leito

O Livro da Nossa Historia - Da primeira viagem no leito

Na cama nave nossos corpos se acomodam
Meu corpo no teu se funde
Misturamos partes, pernas, braços, bocas
Um, nós agora somos apenas um
Meu corpo e o teu se perdem um no outro
Tomamos partes um do outro
Uníssonos nossos corações batem em um só ritmo
Teu corpo antes roupas agora uma planície nua
Campo de trigo, que faz o pão bendito
Para matar a fome de minhas taras
Um sacrário, que minhas mãos impuras pelo desejo violam
E a minha boca beija, morde tua carne
E teus seios pequenos planetas
Que a minha língua explora
Circula mansamente na corola doce dos bicos
E mergulho dentro de ti
Oceano, teu sexo, um oceano
Quente, mareando o membro
Chama, pede, atrai
Fogo, somos fogo
E queimamos a madeira dos nossos corpos
Em uma fogueira devassa e santa
O gozo, levitamos, flutuamos, presos um no outro
E no espelho acima de nós
Nossa imagem escreve uma poesia linda.

Fabiano Brito

Fogueira

Uma fogueira crepita
O estalido de velhas historias 
Que viram cinzas.
Rolos de filmes reais passados.
Preciso de espaço
Nas estantes do peito
Que a mudança que se processa
Transforma tudo em volta e dentro de mim
É uma nova vida que se inicia
Duas partes que se encaixam
Repletas da mobília de sonhos novos
Caixas de desejos a dois
Planos, tantos planos
Que é preciso tempo e espaço de vida
Para acomodar tanto.
E quando olho em teus olhos
Decifro dois pequenos mundos
Ali abertos em um franco convite
Para trilharmos um novo tempo
E teu riso ilumina tudo em volta
Matando todas as sombras.
Te esperava, me esperavas
E neste campo limpo pelo fogo
Desta fogueira que crepita
Dentro de mim
Aro a terra, abro sulcos
E vou semeando teus sinais
Teus gestos,
Vou plantado em mim tuas raízes
Que se ficam e se espalham
Tomando forma, tuas formas
E sou de ti essa sementeira fértil
Essa lavoura que tuas mãos trabalham
Cresceremos,
Nossas vidas será florada
Que de fruto
Colheremos infindo amor.

Fabiano Brito


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Livro de Nossa Historia - II Do Encontro Primeiro

O Livro de Nossa Historia - II Do Encontro Primeiro

Agora que meus olhos te colhem 
Que meus braços em volta do teu corpo fazem laço
Somos uno nesse instante de um abraço.
Todas as distancias se perdem
Nos caminhos que nos trouxeram a este instante,
Minha mão na tua, firma um elo
Que nos prende, que nos une
Nos compromissa
Somos nossas escolhas mutuas
No desejo reciproco desse instante.
Que o encanto se perpetue
Abrace paixão, amadureça amor
E que sendo amor
Permaneça encanto,
Sob o lume da paixão.

Fabiano Brito


O Livro de Nossa Historia - Do nosso encontro

O Livro de Nossa Historia - Do nosso encontro 

Tua chegada é como um sol
Que se abre na imensidão de minha vida
E toma forma, se alastra
Vai ocupando os espaços
Os vazios e os abraços
E faz morada no meu pensamento
Se acomoda no meu peito.
Como um rio
Vai formando um leito
Trançado caminhos
Vencendo obstáculos,
Será mar....
Será amar
Que o amor é construção
Lida cotidiana 


É vencer diferenças
Encontrar-se
Descobrir-se
Completar-se...
Que sejamos em essa plenitude
Na morada de um tempo
Chamado infinito.

Fabiano Brito

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Folha

Uma folha paira suave no vento
Flutua em círculos
E se vai para o longe
O outono cai amarelando a paisagem
A natureza recolhe flores, sementes e se guarda
Um tempo de espera
Para se abrir em primavera
Meu coração é esse outono que guarda uma espera
Da primavera de tua chegada

Fabiano Brito

Encontro

E dentro de mim
Ao som do teu nome
Uma fenda de luz se abre
Deixando transparecer um caminho de encanto
Onde caminham sonhos, desejos e querer
Que sejas, que sejamos
Partes de uma mesma caminhada.
E pouco à pouco
Como se talhando na madeira
Dentro de mim tua imagem foi tomando forma
E da semente de tua chegada
Rasgada a casca
Um pequeno broto germina
E se nutre dessa magica indecifrável
Que nos permeia.
E penso a chegada de um tempo
Onde seremos arvores fecundas
De mesma raiz, que bebe da mesma seiva.
Plenos na lucidez de um encontro.

Fabiano Brito