sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Diário de um Louco - VIII

Diário de um Louco - VIII
Devaneio

Uma fenda se abre na pedra
É a porta de uma caverna secreta se abre
Onde guardo o tesouro dos meus segredos
Tudo aquilo guardado a medo
Ninguém pode saber
São silêncios fechados em pequenos cofres
Tudo que nunca revelei ao olho do mundo
Guardei na calada da noite, apaguei evidencias
Ninguém, pode saber
Atos e omissões
As vezes que neguei ao Cristo, um Pedro com medo
Silêncio ninguém pode saber
Medo meu Deus!
Silêncio, silêncio Deus não pode saber
Mas ele sabe tudo
Estou perdido ele vê, ele sabe
Serei condenado e queimado na fogueira santa
Gritaram bruxo, queimem o bruxo
Silêncio Silêncio ninguém pode saber.



Fabiano Brito

Diário de um Louco - VII Devaneio

Diário de um Louco - VII Devaneio

 Sempre fui esse palhaço sem graça
 Um Pierrot em fim de festa
Quando todas as ilusões já foram perdidas
Vagando a ermo em um salão com luzes apagadas 
Vez por outra um beijo de colombina ébria para adoçar a vida e a boca
Palhaço que nunca foi ladrão do coração de uma mulher
A tinta no rosto esconde a face, mas não a solidão
Bebo mais uma garrafa de um álcool qualquer
E entorpecido adormeço o peito:
Respeitável público olhe com atenção
Essa rosa que trago na mão, vermelha cor de sangue
É o meu coração do peito arrancado
Pela dor de uma paixão!


 Fabiano Brito

Diario de um Louco - VI Devaneio

Diario de um Louco - VI Devaneio 


Cai a noite na floresta 
Em volta a escuridão imensa 
Fantasmas caminham na copa das arvores.
Pirilampos traçam um fio de luz ténue no breu
O vento canta nos galhos uma canção triste.
Não caminho sozinho
Nas sombras uma matilha acompanha meus passos
Lobos sedentos
Espreitam, esperam o melhor momento para o ataque.
O passo é o dia de amanhã
Nas entranhas da vida,
É o não saber o instante seguinte
Cada avanço uma incerteza
Em volta os inimigos tramam
A vida é caminhar
Na floresta sozinho.


Fabiano Brito


Diario de um Louco - V Devaneio

Diario de um Louco - V Devaneio 


Plano no ponto mais alto
Minhas asas podem tocar o azul do céu
Corto as nuvens
E mergulho entre as grandes montanhas.
Livre, vasculho o espaço,
Vivo a imensidão do ar.
Liberdade
Meu tempo
Minha forma
Minha escolha
Minha vida.
Sou dono do meu caminho.


Fabiano Brito



Diário de um Louco - IV Devaneio

Diário de um Louco - IV Devaneio 


Um dragão anda solto no meu quarto
Expele fogo pelas narinas furioso.
Não me vencerá 
O meu medo deu lugar ao respeito 
Ele se move ao meu redor 
As vezes lento
Em outras avança como uma tempestade.
Aprendi que independente de sua forma
Enfrentar o dragão é uma questão de equilíbrio.
Na batalha que travamos dia após dia 
Aprendi a olhá-lo no olho
E dizer quando preciso "basta!"
O meu quarto sou eu
O Dragão é a vida.


Fabiano Brito

Diário de um Louco - III Devaneio

Diário de um Louco - III Devaneio 



Maquina, somos maquinas 
Acorda trabalha come volta dorme
Não podemos parar
Parar é morrer 
Maquinas 
Minha maquina conjugada a tua
Milhares de maquinas
Milhões
Bilhões 
Movendo a maquina do mundo
Maquina graxa, desgraça 
Maquina que come
Mais maquinas 
Falta água
Falta pão
Maquina que sangra
Maquina que mata
Maquinas que maquinam
Contra outras maquinas
Maquinas de guerra
Falta paz
Maquinas que dominam
Falta justiça
Maquinas somos maquinas
Maquinas.


Fabiano Brito 

Diário de um Louco- II Devaneio

Diário de um Louco - II Devaneio


Estou preso em uma sala
Acordei aqui dentro
As paredes a minha volta são negras
Quase não consigo respirar
Caminho dando voltas as
Em um canto o medo, a  angustia e a tristeza me olham
Espreitam em silêncio a minha agonia
Luz... Queria luz!
Apenas uma centelha ao canto espalha uma pouca luz amarela
Do teto pende uma placa
Onde esta escrita Solidão.


 Fabiano Brito

Diário de um Louco- I Devaneio

Diário de um Louco- I Devaneio


Tenho uma loucura dentro da minha loucura
Biloucura, sou bilouco
Uma loucura é mansa, serena
A outra é pura tempestade
Uma cala a outra grita
Uma pede paz a outra declara guerra
Antagônicas, se debatem, se confrontam
E dentro de mim travam uma batalha cotidiana
Dada as loucuras de minhas loucuras
Acabei ficando louco.

Fabiano Brito
I Cântico de Eurídice e Orfeu.


Cobre-se a natureza de manto negro
Os corvos nos galhos das arvores mortas
Grasnam fúnebres agouros.
Em seu leito Eurídice dorme
Nívea e fria
A serpente nas sombras
Ódio inveja maldade
Aristeu avança e na folhagem
Nefasta viperina Cirene
O veneno nas presas lança.
O corpo tomado pelo ofídio trago
Caída ao chão como uma pequena lua branca.
O esprito sucumbe a Hades.
Orfeu, avança em lança...
Tarde demais
O macabro intento esta feito.
O deus dos matrimônios, Himeneu
A terra toca o manto em luto.
Dos olhos de Orfeu escorre o pranto.

Fabiano Brito

II Cântico de Eurídice 

Nas masmorras de Hades no fundo da terra
Habita agora Eurídice, o espírito que brilha
Orfeu em agonia clama a tríade dos deuses
O silêncio toma a varanda dos céus
E do amor vem a força e da dor a inspiração
Cérbero senhor dos umbrais do castelo de fogo
A besta, fúria ódio terror/ Orfeu saca a harpa e os dedos beijam as cordas
Legiões etéreas silenciam, a besta avança
O som vira luz e toma a cena
Dos olhos do macabro guardião brotam pequenos cristais


III Cântico de Eurídice

III Cântico de Eurídice 

E a besta a luz do canto se transforma
As negras portas do inferno arranca
Cérbero e Orfeu se lançam nas escadarias do fim do mundo
Ao toque da harpa uma luz toma a escuridão
A sala dos ossos é tomada pela melodia
O rei das sombras se ergue do trono em agonia
Hades Deus da morte, senhor das almas ergue o cajado de fogo
Comovido de pelo amor e pela dor de Orfeu sentencia
Estarão livres Eurídice e Orfeu deste plano
Devem seguir até os umbrais pela jura de um voto a mim
A mulher segue o homem nas escadarias até a luz
Como voto de confiança a mim senhor das sombras
Deve Orfeu, o que clama
Seguir a frente sem que um olhar volte sobre aquela que o acompanha


IV Cântico de Eurídice - Final

IV Cântico de Eurídice - Final 


Mas o mal sorrateiro age 
Hades da comoção ao orgulho refeito
Vendo que o amor venceria
Espera o ultimo instante
Quando Orfeu a luz já distinguia
E a visão dos portais já era clara.
Um espectro cruza rasteiro
O vão das escuras escadarias
Eurídice se assusta, o grito
Orfeu ao socorro da amada se vira
Cruel desdita, o castigo se consuma.
Orfeu em estatua de pedra se transforma
Apenas o coração continua humano
O amor alojado em escudo se transformou.
Eurides clama aos Deuses e entoa um canto
Da doce melodia o retrato de sua agonia.
Apolo colhe do rosto uma lagrima
Molda, sopra e lança a esfera
Orion brilha no firmamento
Orfeu e Eurides
Este é o vosso reino, Orion celeste
Que o tempo lhes seja eterno
E felizes até o fim dos tempos.


Fabiano Brito


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Meridiano



Digo de mim
Da pessoa que já fui
Hoje diferente, taciturno
Olheiras visíveis, rugas aparentes.
Marcas de tempo e historias 
Um olhar cheio de tantas paisagens
Encontros e desencontros na bagagem.
Um pequena lua branca nos cabelos
Espalhando raios pratas ao redor.
Fora sou essa aparente foto amarelecida
De tantos embates,
Erros.... tantos
Bons acertos, maravilhosas vitorias.
Uma prole, dois, par, casal
Dadivas imensuráveis que se alongam
E me fazem maiores com os seus que chegam.
Digo de mim, digo a mim
Que minha vida não é grande e nem pequena
Mediana, meridiano
Um linha central que cruza
E bem divide ao meio
Um marca de equilíbrio
Nem mais, nem menos
O que me bastou, o suficiente
Se sou feliz?
Viver me basta
Felicidade é viver seu próprio destino
E continuar vencendo cada dia
Viver é escrever sua historia com as próprias mãos
E escrevo,
Vivo e viver me basta.

Fabiano Brito

Pão

Amor 
Pão, carne
Fogo,
Flecha, ferida.
Desejo, fome
S
E
D
E
Água
F
O
M
E
Pão

Fabiano Brito

Morte

Tudo que representavas
Morre hoje no colo desse novo dia. 
Sobre você o meu pensamento
Se faz um silêncio absoluto.
Sobre a tua imagem
Descerra o breu de uma noite infinita.
E sigo como as águas de um rio
As vezes calmo e sereno
Em outras em conflito com as margens.
Mas o destino dos rios é um dia ser

mar
E assim vencendo o tempo
Me farei, eu também, mar pleno.

Fabiano Brito

Cubo

As paredes comprimem
Quarto caixa cubo
O barulho da respiração
Angustia medo solidão
O quadro na parede
Mar pescador rede
O filme passando na televisão
Violência sangue destruição
O cartaz pregado na porta
Loira nua masturbação
E o poeta pena na mão
Angustia medo solidão
Pesca(A)dor
Loira nua
Faz poema
Masturbação.

Fabiano Brito

Na Pedra Grande

Na pedra grande na hora da maré baixa dizia
E me dava a carne em cio
Boca seios biró
Os dentes no corpo tatuagem
Unhas depois garras
Na minha pele desenhando caminho
Era puta cobrava
Mas a mim era de graça
Era puta pecava
Mas em meus braços era santa
Me santificava.

/// Fabiano Brito///

Crônica de um amor 

No principio era do tamanho (o amor) de todas as galáxias 
Mas partiram um do outro
O amor nunca acreditou
Que partiram um do outro
E continua
Do tamanho de todas as galáxias
E sempre
E tanto
No infinito das coisas plenas.

Fabiano Brito

Navalha



No fio na navalha
Corre os meus pulsos
Sangro em agonia
No silencio desse instante
Contemplo o deserto da escuridão plena.
Não é morte
Mas a libertação de todos os males
É vida que renasce no insondável.
Me lanço no abismo de uma nova dimensão
Não sou mais corpo, carne, ossos, vísceras.
Etéreo, abstrato, disforme
Um semideus nu
Um Cristo sem cruz
Que carrega sobre os ombros montanhas de pecados.
De Hades o hálito doce
De Hefesto o calor do fogo
Sou essa metamorfose do eterno com o breve.
E no meio da nevoa lanço um grito:
Pai porque me abandonastes?

Fabiano Brito

Silêncio



Hoje quero o silêncio absoluto
O esteio de um deserto.
O tudo do nada
Silêncio de sonhos
Silêncio de pensamentos
Sem nenhuma expectativa.
O fim de todos os lastro
Ficar a deriva
Em um voo a não existência.
Quero silêncio....

Fabiano Brito

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Lobo

Sou lobo da estepe
Caminho dentro de minha melancolia 
Solitário
Tenho o vazio fora e dentro de mim.
Nas sombras dessa vida cinza
Avanço na solidão negra
Onde tudo é esquecimento.
Luas me olham do cimo celeste
Prateando o caminho a minha frente.
Farejo o ar, procurando uma presa
Paro, observo,
Avanço, me lanço
Ataco...
A carne se abre entre minhas presas.
O bote perfeito, certeiro
O sangue escorre em minha boca
Quente,
Enquanto a vida se perde nos olhos de minha presa.
Uivo, ladro, chamo
Lá longe uma fêmea responde
Em breve
Não estarei mais Sozinho
Sob a luz desse luar.


Fabiano Brito


Diario de um Louco - VIII Devaneio

Diario de um Louco - VIII Devaneio


Sempre fui esse palhaço sem graça
Um Pierrot em fim de festa
Quando todas as ilusões já foram perdidas
Vagando a ermo em uma salão com luzes apagadas
Vez por outra um beijo de colombina ébria para adoçar a vida e a boca
Palhaço que nunca foi ladrão do coração de uma mulher
A tinta no rosto esconde a face mas não a solidão
Bebo mais uma garrafa de um álcool qualquer
E entorpecido adormeço o peito
Respeitável público olhem com atenção
Essa rosa que trago na mão
Vermelha cor de sangue
É o meu coração do peito arrancado
Pela dor de uma paixão!


Fabiano Brito


Louco

Louco,

Não tinha amarras
Podia voar
(Pessoas loucas podem voar)
Não contem é segredo 
Mas em noites de lua
Bandos de loucos passam em revoada
Enquanto os equilibrados
Dormem suas vidas presas na cama por pesadas correntes.
Outro dia mesmo voamos para a lua
Uma roda de poesia
Uma serenata
Desconfio que todo poeta é louco
Ou será que todo louco é poeta?
As vezes conVERSO com minhas borboletas de estimação
Crio varias na gaiola do meu peito
Vez por outra uma sai voando pela minha boca
Engraçado.... porque as asas fazem cocegas no meu nariz.
Definitivamente poeta é uma coisa muito estranha
Sabe fazer chuva, sol, passarinho, estrela, nuvens....
Sabe fazer um mundo
Poeta é Deus
Poeta é Deus...que faz mundo no papel.


Fabiano Brito


Cristal

Apagou-se a chama
E hoje nem nossos nomes
O amor ainda chama.
Quebrado o cristal não se emenda 
Que amor é coisa fina
É porcelana rara
Que o caco noutro caco não cola.
A magica quando revela o truque
Perde encanto,
O amor guando perde o grude
É porta que se abre
Mala que viaja
Um que vai embora.
Chama mais não responde,
Chama mais não acende,
Amor é coisa fin(d)a.


Fabiano Brito

Liberdade

As vezes me estranho
Fico meio de banda comigo
Olhando atravessado 
Pelo o que faço me julgo
Condeno.
Nem mesmo quero me vê no espelho.
Parlamento internamente
Em flagrante conflito
O que fiz
O que deveria ter feito.
Sou emoção,
A vida razão.
Sou sonho,
A vida pé no chão.
Vivo este eterno antagonismo
Do que sou em contrario com o que a vida pede.
Alforriado de conceitos seculares
Traço caminhos
Troco o rumo
Faço do meu jeito
Caio, levanto, levito
Corro riscos.
Minha vida
Meu jeito, meu tempo, minhas formas
Liberdade.


Fabiano Brito

Jogo

Navega minha alma no meio da tempestade
Olho no olho do furacão
É a vida trocando as estações
Primaveras e invernos se intercalam
O verão e suas tempestades
Outona-se entre folhas amarelas
Mas a vida continua o seu ciclo
Partidas e chegadas, idas e vindas
Rotas opostas, caminhos que se cruzam
Norte ou sul
Leste ou oeste
Uma bussola natural nos guia
E vamos pelo faro
E avançamos para queda ou para o voo
Existir é esse dualismo permanente
Esquerda ou direita
Par ou impar
A vida é um jogo de decidir.


Fabiano Brito

Primavera

Carrego sempre essa primavera dentro de mim
Ainda quando fora não tenha flores 
As sementes ficam plantadas
No esteio do meu coração.
Quando caem as outras estações
Hiberno cada grão 
Até a chegada de uma nova florada.
Compreendi que a vida
É essa sucessão de estações
Dias bons, as vezes cinza chumbo
Mas o que vale é mantermos a essência
Essa certeza, essa fé
Que as coisas mudam
Que a vida é um processo natural
E quando menos esperamos
No meio do caos
Brota uma nova primavera.


Fabiano Brito

Cuidado Companheiro

Cuidado companheiro
Quem fala agora já ficou quieto
Sentado sobre corpos mortos
Não fala em teu nome, clama é por regalias
Ontem dizia: Ame-o ou deixe-o
Brasil se escrevia Brazil
E era verde oliva
E o petróleo era nosso
Nas trincheiras apenas um lado morria
Cuidado companheiro
Que a ferida ainda esta aberta
E nova baioneta a carne e a liberdade quer cortar
Quem fala não diz o que sentes
Educação, saúde, trabalho e pão
A fala que fala na rua
É bala de fuzil, tiro de canhão
A fala que fala na rua
Já foi calabouço, cala a boca
Cova rasa, tortura no porão
Cuidado companheiro
Que a fala que fala na rua
Um dia já calou a bala nosso grito: Liberdade!


Fabiano Brito

Templo

Quando teu corpo nu se alonga na cama
Um templo se edifica
Comungo crente a fé do desejo que despertas
E em cada toque decifro o segredo
Dessa plenitude que é a visão do teu corpo 
Teu corpo nu é um templo que se edifica
Um templo pagão
Onde obsceno comungo minhas taras


Fabiano Brito 

O Livro do teu Corpo - Dos teus Seios

O Livro do teu Corpo 

Dos teus seios

Pequenos pomos 
Peras
Que minhas mãos colhem
Que minha boca sove
A língua percorre a corola
Pequena flor
E os dentes
Fecham
Prendem
Teus seios
Doces frutos
Que colho
No pomar do teu corpo.


Fabiano Brito