segunda-feira, 21 de março de 2016

Pássaro Braços abertos Asas Albatroz Sou pássaro em voo E vou Nas entrelinhas do tempo A te buscar.. E o vento nos beirais E a chuva, rios nas calhas, Cantam uma canção de saudade Pássaro Que voa nas entrelinhas do tempo O pensamento Máquina do tempo Nossa história Um conto, um canto de saudade, Que não leva O vento nos beirais A chuva, Rios nas calhas... Meu pensamento Albatroz E vou Nas entrelinhas do tempo a te buscar. Fabiano Brito
Pó Tua carne Apenas a agonia Da morte As dores da vida Teu corpo Apenas pó Carne, ossos, vísceras A lousa Cravos brancos Teu corpo sepultado Na terra És pó e ao pó voltarás Uma pedra atirada no espelho das águas Semi-círculos A vida dá voltas Antes a carne farta Os olhos em luz A boca carmim O desejo de tantos Agora... pó Apenas minusculas partículas Que leva o vento E que um dia Será total esquecimento. Fabiano Brito
Era o diabo Tentava Um anjo Chamava para o voo Se dava... Dizia: "Sou tua" Aos outros dava Deitava, fingia "Tua" Se dava Era o diabo, o corpo de anjo O hálito de álcool O cigarro Chamava, tentava Eva E eu ganhava o paraíso, "Tua" Aos outros dava Partiu um dia Para nunca mais No espelho com batom vermelho "Sempre tua" Partiu Deus por castigo Fechou as portas do paraíso. Fabiano Brito
Lá agora onde te esconde a distancia O meu amor te guarda Para sempre... O meu amor Te guarda Como o infinito guarda ao mar Como o céu guarda aos astros Sempre Amor... Que o amor é um rio Atravessa desertos Esquece até Que o outro, A muito partiu Lá agora Onde te esconde a distancia O meu amor te guarda Que o amor é loucura Não há razão Mesmo quando o olho não vê Ainda quando se abraça o vazio Há o sonho que nos leva Onde te esconde a distancia... Fabiano Brito
Ah! O silencio... Nas horas mortas Quando dormem os dias... Na penumbra Teu corpo, branco, Raio de lua Livres, Nossos corpos Um só Partes que se encaixavam Formavam um todo Mundo,,, Hoje o silencio Apenas eu Na penumbra do quarto Sombras, restos ... O que resta de mim Sombras Restos Fabiano Brito
Carrego em mim toda sujeira do mundo A tapa na face, o grito, o ódio O estampido da arma O olho que ambiciona O sangue que corre na sarjeta As manchetes nos jornais Minha carne o papel onde se escreve Os pecados do mundo... Carrego em mim o peso da cruz O desamor, a vaidade, o orgulho Nego o teu nome, nego o teu nome, nego o teu nome Três vezes, nego o teu nome Bicho escroto Que crava o cravo em tuas mãos A ponta da lança, o vinagre na tua boca O sem Deus, o sem alma Carrego em mim A lama, a chama negra, as sombras Humano Um bicho humano Que guarda em si Toda sujeira do mundo. Fabiano Brito
E continuas teus passos ao longe Cada vez mais longe de mim Segues o teu itinerário Como uma ave em arribação Voas, voas... Na retina dos meus olhos teus passos Teu rastro na areia Que vão seguindo como segue a vida Talvez seja a vida um jogo de dados Que se lança sobre a mesa E o destino escolhe o lado... E se ganha ou se perde Nos perdemos Nunca mais tua mão na minha Nunca mais teus olhos nos meus Nunca mais... Continuas teus passos ao longe Ave em arribação Voas, voas, Cada vez mais Para o longe de mim. Fabiano Brito
Amo o vermelho O tinto na taça O carmim nos lábios O rubor na pele Su fuego Paixão Fabiano Brito
Outona-se o ano Caem as ultimas folhas das horas Em breve a primavera de um novo tempo Um novo caminho a ser trilhado. É a historia que se soma No livro de nossas vidas. Como as arvores outonais Perca e deixe no tempo que se vai Todas as suas folhas mortas Que novos brotos surgiram nos galhos da arvore do novo ano Folhas verdes esperança, cachos de flores-das-conquistas Olha a tua frente, Deixa que a fé te mova Acredita, acredita sempre, E segue, Que a vida é essa rotação de estações Os ponteiros de um relógio sempre em giro No compasso de uma incessante caminhada. Sejamos movimento E seja como for Quando a ultima folha das horas deste ano cair Mais do que um ano novo Terás um novo tempo de Deus a ser vivido Uma dadiva divina Ano novo É o teu presente de Natal Que te é dado por Papai do Céu. Fabiano Brito
La vida Vida É um palco Tua cara ao vento Tua face ao carinho Tua face ao tapa La vida Braços que te abraçam Braços Que lançam no abismo Si quieres Amor La vida Te oferta dor No mesmo galho rosa e espinho Luz e sombra A vida é duas faces da mesma moeda Muda a cara Só vence quem encara La vida Vida É cara ou coroa Chuta o balde Vira a mesa Engole o sapo Que a vida é um palco. Fabiano Brito
Amor vagabundo No chão, Urgente, Que o corpo pede A carne arde De mim Só teu corpo sabe De ti Sei, sei todos os segredos Amor vagabundo Profano Sob o selo, segredo Dos que nos esperam Pulamos muros Escondemos nossas taras Sob mascaras... Agora, aqui, Teu Minha Nós Amor bandido Guarda-se do olho do mundo. Uma estranha loucura Você minha cura Eu tua calma Amor vagabundo No chão Urgente Que o corpo Que a alma Pedem. Fabiano Brito
Tirando tua roupa Beijando tua boca Vou te devorando Na cabeça Com a mão É que esse papo Eu com você É coisa de sapo namorando a lua Mas é que aos olhos do meu tesão Terra é céu Céu é chão E vou te devorando Na solidão do banheiro Na cachoeira do chuveiro Vou te amando Desse amor profano Devasso Vou te devorando Na cabeça Com a mão Fabiano Brito

2 poemas juntos 4

A pele O arrepio... O prenuncio Para a eternidade do gozo... Que quando se ama É o único instante Que podemos tocar Aquilo que é infinito. Fabiano Brito Quando criança, Sonhava que voaria... Adulto, os pés sempre ficaram pregados no chão A cabeça, essa, Continuando voando nas nuvens Sou feito de sonhos Alado Pássaro em voo Fabiano Brito
No espelho do relógio Ainda ontem a face de um menino, O mantra, "O que você vai ser quando crescer?" Astronauta, médico, inventor... Não fui nenhum Nem cresci tanto Faculdade mesmo, apenas a da vida Onde aprendi por amor e pela dor A soma dos dias, resultou anos Acertos e erros Algumas cicatrizes Algumas externas, outras na alma. Agora no espelho do relógio A face de um quase velho Rugas, desenganos, vitórias, derrotas Mas o reflexo no espelho Mostra que o olho de quase velho Olha o mundo Com o mesmo olho do ainda ontem menino Que um dia fui. Fabiano Brito

2 poemas juntos 3

Sou e continuarei sendo Algo inacabado Um conjunto formado de perdas e ganhos Uma construção permanente Buscas, encontros, desencontros Moldando-se as transformações do mundo que me cerca. Que ser inteiro, Que estar pronto É morrer Vida é a continuidade de se auto construir. Fabiano Brito Que amor é flor Quando chega ao fim Saudade é espinho Fincado no peito de quem ficou Na espera, a espera, Na espreita Olho na porta Olho na tela do fone Que a porta se abra Que a luz na tela chame Que volte, a flor-amor Que saudade é espinho Fincado no peito de quem ficou. Fabiano Brito

2 poemas juntos 2

Desde que chegamos Nesse plano, terra Vai nos dando Deus Tinta e pincel Para pintarmos as aquarelas de nossas vidas. Sobre a mesa arrumados, Potinhos em arco-iris de tons Mas a escolha é nossa Na tela, desenho e pintura São de nossas criações Deus, vai apenas providenciando, Tinta e pincel Para colorirmos as telas de nossas existências. Fabiano Brito Te vejo assim Azul O mundo no meio do cosmo Pequena flor, frágil, Mas capaz de fazer uma primavera acontecer. Fabiano Brito

2 poemas juntos 1

Peço a ti senhor Apenas a simplicidade De uma pequena flor na ponta do galho, Que quando se vai Pétalas ao vento Deixa a benção de um fruto, Nada mais peço, Apenas ser na vida Flor, depois fruto. Fabiano Brito De todos os meus segredos, O que guardo no quarto secreto Dos meus sonhos É teu nome... Sob o selo Das coisas imorredouras. Teu nome Que se pronuncia nas formas de todas as poesias Que no peito afloram. Neste pequeno poema roto Que é todo feito para te dizer: Te amo... Infinitamente, te amo. Fabiano Brito
Quando criança perdia horas a correr a caça de borboletas A cada uma que capturava, Um tesouro que guardava em um vidro. Mas presas, pareciam feias, Abria a pequena prisão e elas partiam em revoada. O voo, livres, subiam ao céu Sempre imaginei que voavam para os jardins de Deus Lá onde não há algozes infantes para lhes tolher a voo. Peço perdão a todos as borboletas do mundo... Não sabia a agonia, a prisão no vidro Que hoje sei Que o mundo é um grande vidro Onde estamos presos E tantas vezes impedidos de voar, Até que um dia a tampa se abre E Deus nos chama para voar nos seus jardins Onde não há algozes para nos tolher o voo. Fabiano Brito
Tantas naus lancei Nos pequenos oceanos deixados pela chuva, Navegar... Minha alma sempre foi vela ao vento Desejo de ir além, Velejar mares, Sempre em frente Até terras e portos do outro lado mundo... Barquinho de papel Nunca parti, A mesma terra, O meu lugar... Hoje olhando a chuva que cai E os pequenos rios ao pé das calçadas Vi uma a uma as tantas naus que lancei Não fui para o longe, não fui o que sonhei, E hoje sei, alguns tem corpos que partem, Corpos que viajam o mundo Que seguem sempre em frente Outros, como eu, Trazem apenas suas almas ciganas, O corpo é apenas barquinho de papel, Que sempre que deixa o porto Sucumbe em um naufrágio... Quanto a minha alma, Esta, continua, A lançar naus, vela ao mundo, A sonhar As terras e portos do outro lado mundo. Fabiano Brito
A chuva batendo na janela Lembra lagrimas E me pego olhando a rua A tua espera, como quando vinhas, E me pego chorando Talvez porque tu não venhas mais Eu seja chuva que cai Na janela... A tua espera, Sonhando que venhas. Fabiano Brito
Não, Não é por ti O cinzeiro cheio O copo vazio Essa bagunça na casa e na alma.. Nada importa que tenhas partido... Não é por ti, Mera coincidência, nossa musica No ar, enchendo a sala É que só achei esse disco Difícil encontrar as coisas nessa bagunça Na casa, na alma Estranhamente em meio a desordem Minhas mãos só encontram as nossas coisas Talvez seja porque Casa, alma, no meu peito Tudo foi ficando cheio de você. Não, não é por ti Não é a tua ausência... Mas tua presença Quando não estás mais aqui... E que sei, nunca, nunca mais. Fabiano Brito
Houve um tempo... Quando nossas loucuras se encontravam Sonhos... Um tempo... que a tanto se guarda Perdido no bem longe dos dias... Quando tudo era fantasia Uma historia de faz de conta Você era princesa, Que morava em um conto de fadas, E eu, infante, Roubava céu e terra E mar... Um dia, Dizia, Um castelo Eu e você... Mas contos de fadas Moram apenas nas paginas dos livros A vida não faz de conta E nossa historia não terminou "E foram felizes para sempre" Houve um tempo Um dia, dizia Um castelo Eu e você! Fabiano Brito
Aos meus filhos Tiago Brito e Gabriela Brito É assim que vos guardo Ainda que sem o tato Ainda que sem a visão Cotidiana, O meu coração São mãos que vos guardam São olhos que vos veem. Que o tempo nós faz mar Seguimos rumos, Mas dentro, Sou essa permanente oração Que a Deus pede Pelos vossos nomes, Mas todo eu sou essa permanente gratidão Por vocês, Por poder dizer de vós: Meus filhos! Fabiano Brito
Todos os dias partes de mim Como um outono que se repete cotidianamente Mas meu pensamento é sempre primavera E ainda que partas todos os dias de mim Tua lembrança se abre É primavera que nunca morre dentro de mim. Todas os dias partes Sem nunca partir, Ficas sempre, Para sempre, Parte que não se aparta de mim. Fabiano Brito
Entre todos os meus pecados Apenas, aqueles, Que cometi em teu nome Que tem o teu cheiro, As marcas do teu gozo, Serão capazes de me elevar aos céus... São por eles que minha alma Será luz, salvação Libertação. Fabiano Brito
Quando chegas tudo é azul A maça Tentação... Tudo azul Cor do céu Tentação, Talvez o diabo Tenha Pintado Disfarçado A serpente Você Azul da cor do céu É que o diabo já sacou Que comer a maça não rola mais A coisa agora é comer a macieira E fez você, Tentação, azul da cor do céu Fabiano Brito
" É cômodo acreditar no que nos consola. Mais difícil é perseguir a verdade. Quanta verdade você é capaz de suportar?" Friedrich Nietzsche. A fotógrafa Nancy Borowick, após descobrir que seus pais foram diagnosticados com câncer, registrou durante um ano as imagens de amor, fragilidade, compaixão e companheirismo ente os dois. Em fotos preto e branco, ela mostra a vida do casal durante o tratamento e consegue transmitir a delicadeza do momento, assim com os sentimentos de um pelo outro. Chega um tempo que mais do que amor é cumplicidade É transmutar-se um no outro, Um só corpo, uma só carne Um só verbo: AMAR E se ama infinitamente E ama-se o outro Como um Deus ama a sua criação... Um só verbo: AMAR! E se passa a dizer um ao outro "Eu te amo" Ainda que sem perceber, Em cada gesto, E misteriosamente o outro compreende, E sabe que ama e que é amado. Chega um tempo Que mais do que amor, É plenitude... Fabiano Brito for Nancy Borowick
Não hás de envelhecer A maturação dos anos Sobre ti, Será como aos frutos... O tempo te tornará doçura... Que importam as marcas do tempo em teu corpo? O paladar esta na boca e não nos olhos. Quem mais que tu, Sabe os segredos de nós Homens? Não são as chamas altas que fazem o bom prato Mas a dose certas dos temperos O calor na medida certa. Não te prendas, Relaxa cada músculos do teu corpo Ousa, prova o que o teu desejo pede, Não temas... (Confessar um segredo de macho) O olhar... o olhar é tudo que levamos É a lembrança que fica na nossas retinas O brilho, Como nos fita a fêmea na hora do gozo... Inconscientemente... É essa magica do olhar Que nunca nos permitirá esquecer Uma mulher... (PS:Não conta que falei esse segredo) Fabiano Brito
No labirinto das ruas Sob o cinza das madrugadas Os pequenos sons que vem dos templos dos prédios Um tango toca em uma janela Um choro abafado escapa pelas frestas da porta Vidas que continuam escondidas entre paredes. Em algum quarto alguém escreve um último bilhete Um cão vaga faminto Na sarjeta um bêbado faz sua cama ao relento. Algum corpo aguarda a descoberta de sua morte. A madrugada é um outono Alguns partem feito folhas desgarradas do galho ao vento Outros renascem e brotam No labirinto das ruas vazias... Vou garimpando a cal para minha poesia. Fabiano Brito
Teu olho Azul Céu Mar do Caribe Meu olhar Olha o teu Teu olho céu, meu olhar espaçonave Teu olho mar, meu olhar Barco a navegar. Fabiano Brito
No oráculo do bem-me-quer A ultima pétala, Sempre me dizia: Bem te quer... Amor infante, Sonhava... Mentiu-me a flor Na vida Ela nunca bem me quis... Fabiano Brito
Perdoai A minha perdição O som de minha voz em teu ouvido Profano. devasso, Antes, Casta, santa... Levei-te a perdição O pecado da carne Anjo Pura Roubei-te candura e inocência Perdoai.. Sobre ti Em teu corpo Minhas mãos e taras Antes cordeiro E eu o pecado Tua perdição. Fabiano Brito
No pequeno quarto na penumbra O vermelho sobre a cama O vermelho em tua boca A mistura no ar Teu perfume, o cigarro, o copo... A sedução... Teu riso A malicia no olho Eu menino, dessas coisas, Do quarto, Da cama, Nada eu sabia. Teus braços, Tua voz em meu ouvido O calor do teu corpo junto ao meu Aprendi, ali, contigo Que mesmo sendo a vida finita Há momentos que somos infinitos Fabiano Brito
É envelhecemos... O tempo, os anos, Já não somos os mesmos, É preciso reconhecer, Mudamos! Não somos mais os amantes avidos, atléticos, incansáveis. Perdemos força, músculos... Ex vulcões, agora somos braseiro de fogo brando, Mas se tivemos perdas, nos veio ganhos Amor maduro, Mais carinho, mais sedução, mais namoro, mais tempo ali junto... Mas o mais que curto mais É o mais ternura... O tempo lega uma forma única ao amor maduro Algo que não se explica, Apenas sentimos, A cumplicidade! Talvez seja esta a palavra que melhor defina. E tem aquela calma que vem depois Quando se percebe que mais do que sexo Se fez amor. Que amor maduro é o amor na sua forma perfeita, É o amor em plenitude. Fabiano Brito
Entre todos os desertos, O que mais se alonga Que traz o silencio absoluto de todas as coisas É este que se forma por tua ausência. Mortas horas Ruas mortas Sem ti, tudo é solidão. Fabiano Brito
Porque amor é coisa que se guarda Mesmo quando o outro se vai... E o coração fica sempre em guarda Na mesma espera, que não cansa, Mesmo quando sabe que não alcança.. Porque amor é coisa que se guarda... No coração de quem fica Que quem ama nada sabe sobre o tempo, Desconhece as fases da lua, Os dias nos calendários... O coração fica sempre em guarda E guarda Porque amor sempre espera No coração de quem fica. Fabiano Brito
E longe assim Eu de você Você de mim, A noite me pego rezando, E digo a Deus para te proteger.. E longe assim Eu de você Você... Que se foi sem mim... E me pego rezando, E peço a Deus... Para trazer Você de volta pra mim. Fabiano Brito
Talvez em vez de alma Tenha dado-me Deus Ao casulo do corpo borboletas... Sinto que algo em mim Sempre me impulsionou para o voo... Seja como for Reconheço: Sou um bicho alada, Totalmente aéreo. Fabiano Brito
O amor é um milagre Bate-bate a pedra dura do peito Até que o coração flora, O amor é mesmo um milagre, É chuva na terra seca do sertão Molhando a plantação. Doma o bicho bruto, com os arreios da paixão O amor é mesmo um milagre Faz da pedra, flor. Fabiano Brito
Teu corpo é chama Quando chamas Claridade e calor Dadiva... E me fechas Laços Pernas e braços Teu corpo é astro Via láctea A mostrar-me o infinito. Fabiano Brito

sábado, 19 de março de 2016

Talvez... talvez eu não te ame mais Talvez o que sinto seja tristeza, Porque foi amor, porque amei... E agora este vazio, Talvez não por tua ausência, Mas pela falta do amor que dei... Talvez o que machuque É não saber, Se talvez eu não te amo mais, Ou ainda te ame demais. Fabiano Brito
Diário de um Louco XXX Devaneio Sempre existira uma escada imaginaria a tua frente, Capaz de te levar a outros mundos em distantes galaxias. Ainda que, ainda quando, seja como, Alguém (eu disse alguém e vale para qualquer coisa ainda) Interromper tua trajetória Lembra-se: Sempre existira uma escada a tua frente... Muda o curso, sobe alguns degraus e fica acima, Isso, acima do escotro, que te emperra os passos. Não, não, não é loucura... Sempre existira uma escada a tua frente... Que importam os lados, A vida é você e sua escada, Ali a sua frente... O desafio é a coragem galgar os degraus, E isto apenas teus pés e a tua força são capazes de fazê-lo... De cada lado sempre se abriram dois abismos, (segredo: não olhes para baixo, nunca olhes para baixo) Claro que sempre haverá... é preciso que eu diga, Aqueles que jogaram pedras, que tentaram, que torceram por tua queda... Não escutes as vozes dessa gente, E quanto as pedras? Sempre haverá um escudo chamado fé... que nos guardará Nada digas, a chave para o escudo é crer! Apenas creia com todas as suas forças! Um dia quando menos perceberes... estarás em um ponto tão alto que os lados, que os abismos, que as pedras, que os escotros, não poderão mais te alcançar. Acredite.... Sempre existirá uma escada imaginaria a tua frente Para te levar ao alto.
Entre todos os astros, Dentro do infinito do cosmo Nenhum... Espalhou na terra Tanta luminosidade, Quanto o teu corpo nu. Fabiano Brito
O meu amor tem um corpo perfeito... Olhos que brilham quando me olha Pele que arrepia quando lhe beijo Uma boca linda que me diz: "eu te amo" Braços longos que me abraçam forte Curvas metricamente feitas para o encaixe de minhas mãos. Pés cujos passos estão sempre em sintonia com os meus. O meu amor tem um corpo perfeito... Fabiano Brito
Chega uma hora que as mascaras são arrancadas E a verdade se mostra em carne viva E se descobre olho no olho a verdadeira face O que parecia amor agora é dor Uma mala sai porta a fora, Levando dentro as mascaras de tantos desenganos. Fabiano Brito
Em imagem de uma das fantásticas bonecas da artista MARINA BYCHKOVA. Tinha olhos verdes, Na cor que lembra o mar, Que brilham como os astros no celeiro sideral. Primeiro amor... Amor infante, Secretamente as mãos dadas, O coração em descompasso, Paixão... a agonia da paixão, O querer estar sempre perto A vontade do outro, Quando longe dos olhos, A ânsia, o desejo da presença. Fortuitamente, o primeiro beijo, E adeus sono, sonha-se acordado E adeus fome, vai se devorando, Permanentemente a imagem do outro... E gravemente vos digo: Morre-se sim de amor! Eu do amor primeiro, Escapei por pouco. Tinhas olhos verdes, Na cor que lembra o mar. Fabiano Brito
Em imagem by Berk Öztürk As vezes sou assim frágil, A vida me leva para um canto, Perco o encanto de todas as coisas... Talvez seja cansaço Do que os meus olhos veem, A vida torna-se monocromática, Pesa chumbo... Talvez seja medo Dos desafios a vencer, O medo de não alcançar objetivos. Nos tornamos permanentes desafios, É vencer ou vencer! Caminhamos sobre o fio da navalha, Ao nosso lado sempre um abismo esperando a nossa queda. Já não há tantos canteiros com flores no caminho, As torres de pedras nos olham do alto, E a bocas de asfalto vão engolindo os nossos passos. As vezes sou assim frágil, Um desenho cinza, Que guarda riso e palavras, Um pequeno silencio no canto Como se a vida tivesse me posto de castigo. Fabiano Brito
O que me salva da morte todos os dias, O que me livra da escuridão das noites, O que me impede do salto no abismo, É a pequena luz desta poesia parca Que minha pena rota, Sombreia na folha branca. Fabiano Brito
Nosso amor que morre, Nosso amor que morre, Agora o silencio de um salão vazio... Antes, o riso, a serpentina, A musica, o baile... Nossas vidas, Dois foliões na algazarra da folia, Agora o branco no preto No meu peito um coração de Pierrot... Que é amor Que todo dia morre Feito a folia Nas cinzas de uma quarta-feira fria. Fabiano Brito
Que importa, que importa que a vida... Que a vida tenha me lançado tantas vezes na lona? Eu levantei... levantei e continuei a ser mais sarcástico do que ela Continuei, apesar das cicatrizes, ossos quebrados, A ser por dentro, Um palhaço no picadeiro... Que zomba, que tripudia, Que... mesmo quando o dia, Foi o mais escroto dos dias.... Fez uma graça, fez trapaça, Enganou a desgraça! Quantas vezes... quantas vezes meu Deus... Enganei tristezas, magoas, dores, Quantas vezes... Mandei essas coisas todas: "Que se fodam!" Mais não abri mão de ousar o riso, De teimar pelo que é alegre, por tudo que encanta... Hoje... pós a vida na minha face marcas do tempo E me olha do fundo espelho, Aponta, olho de satisfação, A dizer: " Você esta velho, vê?" Talvez... Talvez tenha razão, a vida... Mas solenemente, sarcasticamente, Declaro: Continuo até o apagar da ultima luz ... A ser por dentro, Um palhaço no picadeiro. Fabiano Brito
Haikai A vida é carnaval, Dias são folia, outros, Cinzas, quartas-feiras frias. Fabiano Brito
Do amor quando revolta. O amor é mesmo desdita Um dia fala manso, diz eu te amo Em outro grita: vou embora E se vai, Porta a fora, Nem se volta para olhar as lágrimas de quem fica E não volta, Para saber o quanto sofre quem ficou. Amor é uma desdita, Pior que a gente sempre acredita, No dia que fala manso e diz: eu te amo. Fabiano Brito
Guarda silêncio sobre a nossa historia Que se perca nas lacunas invisíveis do tempo. Nada mais somos, E o amor não guarda memoria Ama-se alguém depois E amar é presente, Não lhe cabe passado ou futuro Que amor é chama que arde É o instante... O amor só tem olhos de olhar para frente. Saudade de amor só vale Quando é de alguém que vem O ou os que foram, São túmulos lacrados, Sob a terra, E sobre estes uma lápide: NUNCA MAIS Guarda silêncio Para sempre. Fabiano Brito
Os pudicos que perdoem Mas amor tem que ter corpo A carne na carne, Suor, saliva, Que os corpos sejam chamas, E que as chamas queimem Desejos, sacanagens, taras, Os pudicos que perdoem, Mas é preciso sempre A loucura, a paixão, Na cama.. Canibais Um a devorar ao outro Músculos em riste, O gozo... É preciso estas mortes Que nos dá o gozo... Esse sensação que nossas almas levitam, Que vão ao céu E voltam ao encontro de nossos corpos, Purificadas pelo pecado santificado Do sagrado gozo. Fabiano Brito
Diário de um Louco XXXVII Devaneio Todos os dias o diabo me leva, Todos os dias Deus me salva... Céu e inferno... Permitam que eu diga: A vida é céu e inferno! E a estrada que nos leva de um para o outro Chama-se agonia... E as vezes cansamos Por isso o salto no abismo, O tiro no peito, A cicuta na taça... Quantas vezes nos matamos dentro de nossa agonia... Quantas somos salvos no ultimo instante, Pelo acaso que imaginamos Deus. Todos os dias o diabo me leva, Todos os dias Deus me salva, Todos os dias, todos os dias, todos os dias... Céu e inferno, O jornal estampa a estatística dos que não sobreviveram Contam os corpos, arranjam motivos, Para o sangue, para os corpos amontoados, Morremos todos os dias, É preciso que Deus nos salve Todos os dias, todos os dias, todos os dias.... Fabiano Brito
Ao Amigo/irmão Lifanco Kariri "África quanta dor África, Por que tanta falta de amor?" Musica África - Lifanco Kariri Por que (á)F(r)ICA a dor E nenhum amor? Mãos estendidas, clamam, Nem homens, Nem deuses, Ouvem... Tudo é silencio! O mundo gira, Roda-gigante, Lá no alto Disseram os nautas-astros: "O mundo é azul!" Não viram a cor de tua negritude Não viram a cor de tua fome Não viram a cor de tua sede, Tuas mortes não tem cor, Lá no alto Não chega o som de tuas vozes Não chega o som de teus corpos quando caem. O mundo é azul, o mundo é azul, o mundo é azul... Dizem em coro, Os astronautas, nautas-astros _F_ICA A dor E nenhum amor África... É Azul, azul da cor do mundo, Mas o olho branco que olha o mundo Não enxerga O azul, o azul, azul, Que te cerca, Primeira terra, Mãe do mundo. Fabiano Brito
Nem sempre os passos seguem juntos, E nos perguntamos por que não foi Se era tanto, se brilhava eternidade... Se restou essa vontade perpetua de não partir?. Seguimos rotas opostas, nos perdemos, Rompeu-se a linha que nos prendia um ao outro Mas de alguma forma, mais juntos estamos presos Em um imaginário lugar que não se perde no tempo. E assim como sol e lua, Sem sermos jamais encontro, Nos encontramos sempre nas lembranças, dentro dos nossos pensamentos... E nos perguntamos por que não foi Se era tanto, se brilhava eternidade... Se restou você sempre aqui E eu junto a ti? Fabiano Brito
Confesso... Apesar do tempo, Dos caminhos que trilhei, De todas as distancias, Desse silencio sobre nossas vidas depois que partimos, Confesso... Sempre te guardei em mim, Foi impossível matar teu nome, tua lembrança... Te guardo, te guardo secretamente, Disfarço, encubro, escondo, Mas sempre vais comigo, Dentro, onde esta escrito: Amor. Fabiano Brito
Se em você de mim bateu saudades, Aceite o luto e os fatos Enquanto você partia Alguém vinha, E achou a porta aberta que você deixou... Se em você de mim bateu saudades, Em mim nem lembranças, Imagina essa coisa de saudade. O que me bate, o que me bate, Não digo por sarcasmo, Nem falo em tom de vingança Mas aqui a brisa traz é felicidade. Aceite o luto e os fatos Do nosso ex amor Que morreu, Enquanto você partia E alguém vinha, Acertou com a porta aberta Foi com minha cara, E virou minha cara metade, E se tornou minha metade cara, Aceite o luto e os fatos O que me bate É felicidade. Fabiano Brito
Uma noite, o acaso, Perdidos nas sombras da noite, Nos encontramos, Nossos olhares, nossas solidões, Depois, nossos corpos... Uma noite, Feito uma vida, Feito eternidade, dentro de nossas finitudes... O dia, o sol que nasce, Partimos para nunca mais, Tatuado em nossos corpos Uma noite Feita da mesma matéria Que se fazem as coisas infinitas... Uma noite Feito eternidade. Fabiano Brito
Como chega a tarde e perde o mundo claridade, Nós, bichos, feras, Entardecemos Como um sol que se deita, Deitamos calma ao corpo e na alma. A vida é uma jornada de luz Nascemos heliocêntricos Giramos em torno do que brilha intensamente Sobejamos brilho... O tempo vai nos girando E nos aponta para a montanha Onde o sol e ocaso Onde somos cansaço. Um leão sobre o monte Na contemplação plena da savana Quietude, Se vai a força, ganhamos sabedoria, Se vai a velocidade, nos vem praticidade Perdemos a luz intensa do sol que fomos Mas nos resta a claridade Que brota dos astros infinitos no celeiro do céu... Fabiano Brito
Não falo o teu nome, Não revelo o teu rosto Você o meu segredo Minha prenda secreta Eu te guardo do olho do mundo, Não falo teu nome Não revelo o teu rosto Teu corpo Só eu sei Só eu devoro Só eu profano Tua santidade Só eu vejo A tua cara safada Só eu escuto Tuas palavras profanas Só eu tenho as marcas Dos teus dentes De tuas garras No meu corpo Na minha pele Só eu tenho Tua santidade dissimulada O teu gozo Não falo o teu nome Não revelo o teu nome. Fabiano Brito
Teu Ainda que digas, Nunca mais... Sempre a minha mão Estendida no ar A imaginar, Tocando a tua. Teu O meu amor Todo amor que guardo Ainda guardo Teu Porque o amor não sabe partir Segue o rasto, atravessa a montanha, Vai além mar Porque o amor Mesmo quando é dor Não sabe morrer Não se dissolve, Porque é amor E amor não sabe Morrer. Fabiano Brito
Preste atenção no que lhe digo Que mais te leve Distancia e tempo Que aqui sem você Vou indo muito bem. Já não tem falta, Nem perdas, nem danos Desculpe a franqueza, Mas longe de você Ando tão leve Por isso digo Que mais te leve Distancia e tempo, Nem perdas, nem danos Agora o jogo é outro Na minha mão é trinca de ases Criei asas E alguém me ensinou a voar. Então faça um favor Esqueça, que eu nem lembro mais Você apostou e perdeu Que aqui sem você Vou indo muito bem Longe de você Ando tão leve Desculpe a franqueza Que mais te leve Distancia e tempo. Fabiano Brito
Em obra de Zdzislaw Beksinski Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Augusto dos anjos Eu filho da nova era Entre os escombros de um mundo em destruição Nascido sob a epigênese zodiacal de peixes Controverso, antagônico, Os dois sentidos Sol e lua A soma de todas casas do zodíaco Que se foda... até nisso fui o ultimo Pices Nascido na era de aquários, Fosse a era do mar Não seria esta prisão o mundo a minha volta Fosse eu chegado na era do ar Podia voar... Mas nasci na era de aquários Pelo vidro das janelas que me cercam Vejam as bombas que explodem O sangue que se derrama A montanha de ouro que se forma ao pé da cruz Monstros na escuridão E o diabo rindo no cume da montanha. Onde esta Deus? Perguntam as imagens dos que morrem de fome Sobre a terra os corpos negros, esquálidos, mortos, mortos, mortos O cheiro da pólvora da bala disparada O som do estampido O som de mais um corpo que cai ao chão. Eu filho da nova era Entre os escombros de um mundo em destruição. Nascido na era de aquários Preso em uma redoma de vidro Ouço o grito dos que morrem E silencio.... EU, FILHO DO CARBONO E DO AMONÍACO, MONSTRO DE ESCURIDÃO E RUTILÂNCIA, Fabiano Brito
DARIA WERBOWY by MIKAEL JANSSON Refletes toda luz Teu corpo Luzerna Sol Espalhando claridade Um astro Que dormita Brilho Sobre as retinas dos meus olhos. Fabiano Brito
Quando olho pra você Desmancho partidas Perco minhas marras Barco ancorado Prendo minha amarras Meu porto. Junto a ti Não sei partir Mesmo que sejas espinho Que fere, Que me faz sangrar Fico rondado Borboleta no jardim, Luz, Que me cega o mundo Junto a ti Junto de ti Não sei partir. Fabiano Brito
Foto By Eric Rose Que tua imagem se perdesse na escuridão Bem no fundo das sombras Onde a luz da minha lembrança não te enxergasse mais... Como um balão de ar quente Fossem nossas lembranças Levadas pelo vento Até quando esses olhos Que te olham no meu peito Perdessem tua visão no firmamento. Que tu fosses esquecimento... E não essa agonia, Aqui dentro Que sabe que partiste Mas que eu não me aparto de ti. Fabiano Brito
Foto By Eric Rose Espelhos se estilhaçam, Fotos se rasgam... Amores partem, E nos descobrimos metades, Sentimos saudades Nos estilhaços dos espelhos ao chão Nossa imagem aparece refletida em pedaços. Partes que perdeu outras partes Dos amores que em nossas vidas Partem. Fabiano Brito
Na Arte fotográfica de Alva Bernadine. Minha boca Na Tua... Meus lábios Nos teus. No jogo do desejo, O desenho dos nossos corpos Formam na carta da cama A figura do valete Minha boca na tua ...... Tua boca Na Minha... Fabiano Brito
Foda-se... Chega uma hora que cansa Ser sempre entrega Ser sempre espera Que os espinhos virem rosas. Melhor o baque de um amor que morreu Que estas constantes pequenas mortes de algo que respira artificialmente. Chega uma hora que cansa Foda-se, Cansei. Fabiano Brito
Quando te desnudas É como uma primavera se abrisse No meio do negrume do mundo. E a luz da tua pele Vai semeando claridade Na penumbra que cai da noite Na terra, Tua nudez, Sobre a terra Outro céu que se abre. Fabiano Brito
Je t'aime, Seni seviyorum, I love you, Eu te amo, te amo, te amo... Falaria todas as línguas Se dizer-te Te fizesse compreender Falaria em todas as línguas Se ouvisses Que te amo Je, Seni, l, eu Taime, seviyorum, love you Te amo Fabiano Brito
Aos amigos Antonio Ferreira e Fábia Rocha (que parte) Aprendemos que somos infinitos, Que somos aves em migração nos planos divinos E que nem sempre voamos juntos, As vezes ou quase sempre, Partimos em tempos distintos Mas há uma linha imaginaria Que nos liga eternamente Que nos faz dois Um do outro, Dentro deste infinito de Deus. Amor é algo indecifrável, A maior aceitação de um ser por outro... E por mais que seja incompensável, incompreensível, Que se parta assim distintamente um do outro Haverá sempre a tal linha imaginaria Que nos prende em planos diversos Porque amor é algo indecifrável, Inquebrantável, Porque amor é o que se guarda dentro de nós Que nos foi ofertado pelo outro E guardamos, cada um ao outro, Ainda que distanciados, ainda que os olhos não vejam, Ainda que o tato não toque... Mas nossas almas continuam ali juntas Para quando formos novamente encontro. Somos aves em migração E haverá um tempo Quando juntos voaremos para sempre. Fabiano Brito
Nada adianta tuas garras sobre o ouro A coroa em tua cabeça O cetro em tuas mãos. O teu poder sobre a terra Haverá um tempo Que sobre ti apenas a lapide fria, No retângulo da cova Apenas o pó do que foi teu corpo. Em volta apenas outros iguais a ti A espera dos teus espólios O teu ouro, tua coroa, o cetro E o teu imaginário poder sobre a terra. Depois uma guirlanda seca ao sol Um sepulcro caído por morada eterna E o total esquecimento de tua existência. Fabiano Brito
Sobre a terra, Em nome de Deus Em nome de Deus O sangue dos cordeiros derramados A guerra.. a guerra... Na terra a terra Negada Cordeiros humanos Sacrificados Corpos barcos mortos no mar Em nome de Deus Na terra A guerra... O sangue, o sangue, o sangue Cordeiros Sem nomes As bombas, Estrelas No céu A fumaça, a fuligem, Na terra, Os corpos Cordeiros A guerra Em nome de Deus. Fabiano Brito
Santificadas sejam as putas Pelo sacro gozo que ofertam... Divinamente fingem, E dizem: "Vem... que te dou o mundo" E sem saber nos doam Um céu onde somos Deus. Santificadas sejam O sacro gozo dai-nos sempre Amém! Fabiano Brito
Há dias Flores cinzas Pesados como chumbo Duros como pedra Há dias Para os quais Deus vira a face Apenas nossos pés descalços Na aspereza da areia Nossa nudez revelada As nossas asas falsas... Há dias Feitos navalhas Rasgam nossa carne E nos fazem sangrar. Cinza, chumbo, pedra Há dias Que nos sepultam no fundo da terra Sem luz, sem ar, Sem sol, sem lua, Sem estrela a nos guiar. Apenas nossos pés descalços Na aspereza da areia. Fabiano Brito
Talvez eu engula chiclete, Ou me afoque na pia do banheiro. Acrobaticamente, quem sabe, Eu salte do alto de uma tampa de coca-cola. Tragicamente, irremediavelmente, Esta noite, a minha morte... A vida ceifada em um golpe falta Da pua de um alfinete na ponta do meu dedo. É preciso que eu sangre ( o vermelho, o sangue torna tudo mais trágico) E é preciso que vejam o meu corpo Que se faça a caça de um bilhete Para se desvendar o mistério, o porque? Vozes nervosas a discutir a causa atos mortis... "Foi coisa de amor" "Digo que foram dividas" Nada deixarei escrito... Que deambulem a procura do mapa que leve a razão e ao porque do meu ato... Mas a quem interessar possa Morro por cansaço de viver. Fabiano Brito
Um dia o meu tempo será pó Sobre a minha carne O peso da terra e dos meus pecados e erros. Talvez do casulo que foi meu corpo Liberte-se uma alma Que habitará outra dimensão. Morto, a cova é uma fenda, Que me levará a um jardim secreto Onde tudo é segredo... Talvez não me leve a lugar nenhum, Que reste apenas o silencio absoluto do que fui, Matéria em decomposição Pó que volta ao pó. Talvez do casulo que foi meu corpo Liberte-se uma alma... Mas vos peço, Sobre minha lápide escrevam: "Se existem almas e se estas se libertam, Aqui jaz um corpo, Cuja a alma libertada Era uma alma de poeta." Fabiano Brito
Amante Apenas, Os escombros de teus desejos, Deposito de tuas taras Um corpo Água para saciar a sede Alimento para matar a fome... Depois outro mundo Outro perfume Outro nome de mulher. E eu apenas, Aquela de quem te socorres A que espera o instante Que vive da soma de momentos. Amor... amor escroto Que sempre digo, nunca mais Mas vens e me encontras Sempre esta que te espera. Guardo minhas queixas, Entrego-me Tua Gueixa, A que sempre deixa O mundo, tudo, Só por ti Um corpo Que se guarda Na solidão dessa tua espera. Fabiano Brito
Mulheres? Tenho alguns exemplares: Mãe, esposa, filha, neta, Cada uma de uma forma Formam um circulo a parte dentro do circulo do mundo O planeta feminino! Que nós homens (é preciso reconhecer esta verdade) Vivemos girando ao redor Como luas planetárias... No fundo machos são bichos incompletos Talvez porque nos falte aquela costela Que Deus nos tirou para faze-las ainda no paraíso São sempre elas, as mulheres, que nos completam. Quando algo nos falta, eles nos fartam Quando perdemos o rumo, elas abrem caminhos Quando perdemos a fé, nos olham com olhos marianos, Olhos da mãe de Jesus, E se revela o que verdadeiramente são: Uma dadiva divina, Capaz de operar milagres cotidianos. A minha Priscila, a minha Sel, a minha Gabi e a minha Anamaria Feliz dia e que o feliz esteja em todos os dias. Amém! Fabiano Brito
Bastou um instante A menor fração do tempo Para ser dentro de mim Chama Amor por ti Bastou o instante que te encontrei Para ser dentro essa chama infinita De amor por ti. Fabiano Brito
Cinquenta e três Hoje completo de tempo vivido Fora, as marcas aparentes, Cicatrizes, rugas, cabelos nevados, Óculos para ler... que longe ainda enxergo super bem E isso é algo bárbaro, na minha idade, ver longe Porque futuro esta sempre dentro de uma distancia! Compreendeu a vantagem de enxergar bem o longe? Enquanto for assim vejo futuro diante de mim E no futuro é onde moram os sonhos e habita a esperança. Cinquenta e três anos Mas reconheço uma alma bem imatura para a idade Que não perdeu a capacidade de construir castelos na areia, De conversar com estrelas, namorar a lua, De encantar-se com sol nascente, rosas no jardim, caminhar a beira mar, fazer comidinha ao pé do fogão... Que insiste em fazer poesia em meio a um mundo cor de cinza e duro como pedra. Que apesar de tudo olha o mundo Com olho de criança que vê o mar pela primeira vez... Este sempre foi o meu segredo de vida, Olhar a vida com o mesmo encanto Que mora na retina dos olhos de uma criança que vê o mar pela primeira vez... Obrigado meu pai Por meus cinquenta e três anos de vida, Com olhos que veem longe muito bem E essa alma encantada de criança que vê o mar pela primeira vez. Fabiano Brito
Nossa história Um bordado Pontos, encontros, A linha (da vida) Dando formas... Agora sozinho Quando o fio da distancia nos separa Não sei... Desatar os nós Que na teia do bordado da história Prendeu minha vida a tua. Fabiano Brito
Aqui dentro, No meu coração, Plantei um canteiro de bem-te-quero Que esta sempre florido Onde passeiam borboletas e colibris. No meio do canteiro finquei Uma plaquinha onde esta escrito: Não pise, Propriedade privada! Fabiano Brito
Quem move as engrenagens Não é o discurso do patrão Em rede nacional São as mão dos operários No barro da construção Na graxa do maquinário. Quem move a roldana do país Não é o palanque que forma os poderes A roda gira é pelo impulso das mãos Que recebem o minguado tostão. Quando param as mãos Seca o cofre do barão. Quem hasteia a bandeira não é o de gravata que puxa a corda Mas quem faz o mastro E costura o pavilhão. As mãos Sujas do barro Da graxa do maquinário É que move a nação. Fabiano Brito
Somos feitos de pequenas mortes Sobrevivemos a morte de sonhos Ao fim de esperanças... Que a vida é caminhada que finda Morremos a cada dia que vivemos. Seja o que for nada é para sempre Apenas um tempo dentro do tempo que nos resta. Um dia a nevoa nos olhos, A cegueira sobre todas as coisas, ditas, nossas... Tudo ficará para trás, Até os nossos corpos Fincados em uma cova rasa. Fabiano Brito
Desculpe se não sei separar Minha vida, minha alma, minhas partes das tuas Mas é que o meu amor ainda insiste Em levar flores só para você... Meu amor, É que o meu amor Sempre foi pra valer E vale para sempre Desculpe se te amo assim, Fora de moda Que faz poema de saudade Que liga na madrugada só para ouvir tua voz É que não aprendi Separar, Minha vida, Minha alma, Minhas partes das tuas Desculpe se ainda te amo É que meu amor Sempre foi pra valer E vale para sempre. Fabiano Brito
E o escroque se disfarça De anjo salvador da pátria Vai as ruas, sobe nos palanques, fala ao povo "Eu sou o cordeiro da salvação!" Puro entre os puros Diz o puto. Ergue o braço, punho fechado Enche o peito e grita "É preciso matar o rei!" E a audiência de chacais vibra A turba branca, o cristal nas mãos, Ensaiam um francês "Mort au roi, Mort au roi!" Esquecem na prateleira o velho livro de história. Fabiano Brito
Fado XX De todas as prisões que estive Nenhuma como esta de estar preso a ti Estando longe, longe assim, A tua vida de mim. É estar nesta cegueira Que me és imagem clara no pensamento Mas meus olhos não te veem. O meu degredo, Amor meu, É ser assim Barco perdido no mar da vida Sem o porto dos teus braços Para o meu corpo, Nau, Aportar. De todas as prisões que estive Nenhuma como esta de estar preso a ti Estando longe, longe assim, A tua vida de mim. Fabiano Brito
Fado XXI Minha mão na tua Meus passos, na areia, junto aos teus Olhava o mar E a Deus pedia Que fosse o nosso amor Infindo como os oceanos Ao viso do meu olhar. Mas ao meu rogo Foi o céu, perdoai, E Deus, E Deus, Moucos E hoje Tão grande como o mar, E infinito como os oceanos, É dentro mim Essa saudade tua... Fabiano Brito
Em lembrança do pequeno Aylan Kurdi criança morta em praia turca que tornou-se símbolo de crise migratória. Talvez tua alma permaneça caminhando na praia onde teu corpo dorme Esquecida aos nossos olhos Longe da lembrança dos homens. Talvez teus pés pisem a areia iluminada pelo sol E caminhes livre da fuligem da guerra Do som das bombas matando a terra Livre em um caminho de paz Livre como o albatroz que corta os mares Aylan Kurdi Talvez tua lembrança morra Em meio a tantos outros corpos como o teu Talvez dentro da nossa frieza e pressa Não exista calor para aquecer a memoria do teu corpo frio Não reste mais tempo para viver a tua morte. Perdoai esse poema roto, mas foi o que pude, Para guardar o teu corpo E as marcas dos passos de tua alma Na areia onde o teu corpo dorme. Fabiano Brito
O que marca São as marcas na alma O que esta além do tato A dor abstrata Como brisa que vem e passa trazendo teu cheiro. Que o amor Mora é dentro na alma Infinito... o amor é infinito Esse que tenho a ti Que me cega a tua ausente visão Que me cega como quem olha o sol Essa dor, essa sombra sobre o meu riso, É saudade... Saudades tua Infinito O amor é infinito Esse que tenho a ti. Fabiano Brito
Perdoa se aqui, ainda, este pequeno jardim Na roseira uma rosa Vermelha Que guarda o galho para ti... Perdoa se aqui, ainda, dentro de mim Vermelho O meu amor só por ti. Fabiano Brito
O maior milagre de Deus São nossas mãos Que transformam o trigo em pão. Juntas... União, Amor Oração, Cavam o chão Plantam o grão Transformação O trigo em pão O maior milagre de deus São nossas mãos Juntas Em comunhão. Fabiano Brito